sábado, 13 de outubro de 2012

DESTINO de ATEU

Desde o dia em que te vi, 
vivi a loucura e não voltei, 
como só os astronautas 

que vão morrer em Atlântida.

Tua voz de pássaro descrevendo
ouro num buraco da lua,
teu cheiro de navio pirata naufragado
para servir às orgias das sereias,
teus músculos de amante selvagem
surgida das espumas do mar,
me levaram ao puro delírio
dos desembarcados na terra encantada.

Te saber inalcançável inspira
o descobrimento de novas Américas
ir é o meu destino de ateu
no deserto que serve de prisão aos anjos rebeldes
chamando o desterro e seus seguidores,
os deuses vieram a pé, de ônibus, de caminhão,
vieram reis banidos de todas as terras
guiados pelos sequestradores sem crença ou ideologia

A mulher de negro dá de comer
aos raios no alto da torre,
enigmas fazem das instituições
disfarces do caos,
atiro moedas e batatas da janela
sangrando o vício dos miseráveis

Ando nu no bosque que tem
sempre a mesma árvore
ansiando a noite apenas por ser noite
vendo teus cabelos sumirem em cada curva.
Entro em ti quando mergulho no lago
e saio das águas com os braços vazios
do teu corpo de Fêmea do Poente

ERICO ALVIM




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