terça-feira, 30 de outubro de 2012

‎"Vertigens de um Poeta Arrebatado"

São maestros os poetas regentes
das penas e dos amores platônicos
e, em vestes augustas guardam candura

e misturam-se a olência das flores.

São de estirpe alienígena os versos
e remetem-se a todas absorbâncias
de sensações e observações das cercanias
e, os seus olhos são de minuciosidades.

Queria ser poeta também e poder beber
dessa luz que embriaga os pensamentos
então seria a mais bela impressão
e os sentidos seriam ápices fleumáticos.

Poetas ascetas e de todos os gêneros
impondo e transpondo as realidades
e, o que era nulo já se tornou empírico
nessa ciranda de bonitezas esdrúxulas.

Queria ser um poeta e sobrevoar os sonhos
e cantar a liberdade em plenitude atemporal
mas, eu ainda cultivo rosas no parapeito da janela
e não posso partir nessa aventura sideral.

São somente poetas que brindam as dores
e se entregam aos auspiciosos devaneios;
me entregarei a poesia por inteiro
e minhas rosas eu levarei em um cesto de galáxias.


Jonas R. Sanches




domingo, 28 de outubro de 2012

Crença 


Conduzia o bálsamo
Disperso nas narinas
No alvoroço impaciente
Bamboleiam imaginações
Desnudas o paraíso
Clarão em brasa
Punhado do quinto desvairo
Ânsia desmedida
Atordoa o céu
O anjo
Nos delírios da alma



Carlos Margarido




“CONTIGO FLORESÇO”

Nas cantigas que me cantas com a tua voz a soprar
Acompanham -me tua doce alma, até me faz chorar,
E o teu olhar que a minha vida encanta! 
Canções que só com a voz do teu coração se canta!

Muito gosto das tuas cantigas ouvir!
Nunca me esquecem, ficam dentro da alma a sentir.
Como as de um rouxinol que hinos de amor gorjeia
Em cada noite em que o luar prateia!

Na tua face rosada, de seda e arminho
A ramagem verdejante um beijo te deu…
Tens-me dado tranquilidade ao longo do caminho!

E cobres-me de aromas… adormeço…
Que doce encantamento, que apogeu!
Toda a dor esqueço, contigo floresço!

Alfredo Costa Pereira




sábado, 27 de outubro de 2012

HOJE

Estou perdida de mim.
Perdida do Ser que Sou, 
Ausente de quem não sou.

Neste espaço e neste tempo
Não consigo encontrar-me nem definir-me...
Não sei quem sou,
Não sei o que sou...
Apenas sei que estou perdida na bruma
Sem saber onde procurar o rumo.
Quero ir para Casa!
Quero descobrir o meu Lar!
Tenho saudades da minha família cósmica,
Uma família que apenas reconheço
Em vislumbres de memórias muito remotas
E escondidas da minha razão consciente.
Sei que este não é o meu lugar,
Mas é neste lugar e neste tempo
Que se cumpre o meu contrato.
Mas que contrato? - Pergunto-me.
Se eu soubesse!
Ah! Se eu soubesse ou pudesse ler todas as suas cláusulas
Porventura sentir-me-ia mais confiante,
Menos perdida....

Mas o que sei é que não sei...
Não sei mesmo nada de mim...
Bloqueou-se a porta do saber,
Os meus irmãos cósmicos silenciaram-se
E deixaram-me abandonada neste espaço ao qual não pertenço...

À noite olho o firmamento
Na esperança de encontrar o rumo
E todas as estrelas me sorriem, mas nenhuma me orienta.
E o Universo sabe que ainda não sei caminhar sozinha.

Não há nem um sinal de conflito,
O que também é intrigante,
Pois se houvesse então teria algo a que me agarrar,
Poderia assim orientar algum tipo de acção,
Poderia encontrar um carreiro nesta bruma...
Mas não... estou completamente só e perdida
Do que sou,
De quem sou,
De onde sou
E para o que sou e estou...




sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Amanheceu e a vida renasceu... 

Nascer, crescer e transformar e multiplicar amor... 
A cada manhã abro os braços para a vida... 
A vida me fala... Me encontra... Me entrega...
São mil maravilhas acontecendo...

Eu sou eu mesma... Me reinvento a cada manhã...
Esse é o meu milagre infinito... Nascer...
Deixar a alma leve... Mesmo que venha guerra...
A cada manhã percebo que sou forte...
Que por mais que aconteça... Sou eu...
A única me fazer feliz...
Deixo esse mundo mentiroso...
Para quem gosta... Se merecem...
Eu quero caminhar cada manhã...
E ver a verdade nos olhos do amor...
A vida é um milagre que me encanta...
A vida é simples e pura...
Meu caminhar é leve...
Sou simples como um pezinho de gérberas...
Nasce num canteiro sem nenhuma sofisticação...
E depois de tantas coisas ruins que li...
Encontrar uma pessoa humilde e iluminada...
Que me olhou e disse:
_ "Só por Deus e um caminhão de anjos."
E respondi... Amém...
Naquele momento ela foi um anjo enviado por Deus
Era tudo que eu precisava ouvir...
Obrigada!



Elaine Coletti 



quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Poeta
Para o Poeta e amigo Rogerio P. Carreira


Seu rumo

Seu mundo
Encontra-se nos cenários
das palavras perdidas.

Sonha seu sonho poeta!

Caminha pelas sombras do destino....
E espalha a beleza dos seus versos,
Nas entranhas desconhecidas
Das madrugadas que te perseguem.

Sinta o calor remexendo
Seu corpo moreno...
E deixa no coração alheio
A imortalidade das poesias
Que te engrandecem!...

Sulamita Ferreira Teixeira




quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Anjo...

Vista suas asas, cante o meu nome...
Acenda tua luz, e não some...
Anjo...

Estou à tua espera...
Venha logo tenho pressa...
Quero teu sorriso...
Já se tornou meu vício...
Rompa as nuvens voe alto...
Pouse aqui no meu abraço...
Anjo...
Espero tuas palavras...
Amor em todos dialetos e falas...
Como encontro, conto de fadas...
Anjo...
Sonhei você sempre...
Guardado em minha mente...
Anjo...
Plantei sorrisos só pra você...
Guardei meu eu meu prazer...
Queria te conhecer...
Anjo...
Me encantei pelo teu jeito...
Beleza plena amor perfeito...
Anjo...
Pouse em mim teu sentimento...
Deixe-me te amar sem preconceito...
Quero você na minha vida...
Paixão amante que nunca será
esquecida.



Valéria Lopes




CONDIÇÃO

Venha, beije minha boca, me toma,
então mata minha sede, me doma.
Caça meus demônios, me liberta,

toca fundo minha alma e a desperta.

Zomba dos meus temores, me abraça
chora com minhas dores, não disfarça.
E seja o que desejo, neste ensejo,
revelando-se ser tudo que almejo.

Desfaz o meu temor do desengano,
o medo da paixão e seus danos.
Retira tuas máscaras, se mostra,
e deixa tuas emoções expostas.

Esqueça das mentiras e promessas,
quero tua verdade mais confessa.
Oferece-me teu melhor intento,
que te entrego meu coração sedento.





‎"Terraço do Hospital"



Tanta gente debaixo do meu nariz

Tanto mundo debaixo do meu próprio nariz,
Tantas coisas que vejo, mas que não as sinto
Tantas são elas e iguais que nenhuma tem raiz,
Os meus olhos
Pobres olhos que se cansam
De tantas coisas verem, mas só em sonhos,
Que somente são pobres as coisas
Que não sentem o olhar dos meus olhos,
Estou tão alto quanto posso estar
No terraço deste enorme hospital,
Vejo e sinto tudo sobre os meus olhos
Vejo o mundo para além da dor, conquistar!






terça-feira, 23 de outubro de 2012

CORAÇÃO ESVOAÇADO

Um céu assim
Só meu e teu
De nuvens

Que se perdeu

Um arco por cores
Todo pigmentado
Na chuva da manhã
De um dia ensolarado

Um dia assim qualquer
Daquelas tarde de verão
Um chão só meu e seu
Por rastro de amor marcado

Uma borboleta linda
Lutando contra o vento
Momentos sublimes na vida
De um coração bobo esvoaçado

Um céu assim
Só meu e teu
De nuvens
Que se perdeu


Valter Arauto




HORIZONTE PRÓXIMO

Fica aqui, deixa-te ficar 
com os dedos perdidos nos meus, 
para que eu possa esquecer 

que o amor não morre, apenas adormece
embalado entre os segundos
que vagueiam em compasso
dissipados nos minutos.

Fica aqui, para que sempre possa
regressar ao teu corpo,
como as árvores que resistem
aos primeiros ventos de Setembro.

Fica em mim, como se a neve
chegasse apenas de madrugada,
ou a bruma fosse filha do inverno.

Fui olhar o mar para ver o teu rosto na linha
onde o céu se deita com as águas,
onde aconteces dentro do meu corpo,
onde o teu vestido
propositadamente me oferece os seios.

Um dia escrevi o teu nome num pássaro
como se as letras soletradas
fossem impressas em cada pena,
um dia parti numa nau
como se mil e quinhentos fosse ontem,
talvez por isso a praça esteja repleta de vozes
que abraçam o mar.

Fica aqui, hoje apetece-me falar para ti.


© Francisco Valverde Arsénio




POMBA BRANCA


Pomba branca, pomba branca
Quero que venhas guiar
Meus passos para lá do céu
Onde gostas de voar.


Pomba branca vem ensina-me
O segredo de voar
Queria rasgar os céus
E poder-te acompanhar.



Já sonho desde criança
Poder um dia voar
Já voei, já tive esperança
Fecho os olhos a planar.



Pomba branca vem falar-me
Vem contar-me os teus segredos
Se quiseres podes ditar-me
Não contarei dos teus medos.



Pomba branca me fascinas
Tua beleza em voo raso
Vejo-te a passar nas esquinas
Por cima do meu telhado.



Pomba branca te admiro
Adoro ver tuas piruetas
Quando voas não retiro
Meus olhos das tuas silhuetas.




Joaquim Barbosa




segunda-feira, 22 de outubro de 2012

‎"Escrever com uma certa dor"


A dor consome-me o corpo
Mas de todo a alma,

Quando escrevo, na dor sopro
Sem suportar a dor, escrevo nas entrelinhas com calma,
Não deixo de lutar
Por sofrer do corpo,
Pois dura, é a dor da alma
E essa, o meu sopro levou,
Eu sou o que vocês permitem
Eu sou o que quero ser,
E todos vocês que querem o meu bem
Na escrita, por vocês, quero viver.


António Da Silva 




“MÃOS”

Há mãos que se unem
Mãos que desistem
Mãos que te acolhem

Mãos que suplicam ajuda
Mãos que não encontram saída
Mãos que provocam dores
Mãos que se tocam
Mãos de quem ama
Mãos de luz
Mãos de fé
Mãos de amor
Mãos que te deixam livre
Mãos que plantam
Mãos que julgam
Mãos que abandonam
Mãos que ajudam
Mãos que protegem
Mãos que se comprometem
Mãos que te acompanham
Mãos amigas
Mãos de mãe
Mãos espirituais
Mãos que calam
Mãos que trazem cores
Há nossa vida
Mãos que carregam o mundo
Mãos que envelhecem juntas
Mãos que não precisam de palavras
Há mãos para tudo
Há mãos que destroem
Tudo o que tocam
Mas há mãos abençoadas
Mãos que são ferramentas
Para construir
Um mundo melhor
Mãos
Use-as sempre
Realizar
Para edificar
Apoiar
Acenar
Com esperança
De melhores dias.

Mila Lopes




Não digas nada! Houve o que tenho para te dizer!

Não digas nada!
Houve o que tenho para te dizer!
Na minha já longa jornada

Percorri uma estrada
Onde tive momentos de estarrecer!
Vivi os tempos mais dolorosos
Que alguém pode imaginar!
Tempos vergonhosos
Pelos quais tive que passar!
Perdi tudo na vida!
Sonhos, amigos, valores;
Perdi a minha própria guarida
E vivi os maiores horrores!
Corria…corria (como um cavalo
De aço corre atrás do inimigo)
À procura daquela que julgava
Ser a minha identidade.
Corria… corria num intervalo
Que eu pressagiava
Ser o meu melhor abrigo
Para alcançar a minha liberdade!
Afinal não era mais que uma mansarda
Que me roubou a minha verdade!
Anos… e anos a fio
Numa existência errante.
Conheci (de fio-a-pavio)
A humana vileza mais horripilante!
Não digas nada!
Houve o que tenho para te dizer.
Um dia nessa jornada
(estava quase para morrer)
Uma luz na minha alma quis acender!
Era uma luz brilhante, de esperança
E que despertou em mim e me fez perceber
Que tinha que escolher
Entre acreditar em mim e ter confiança
Para voltar a ser grande
Ou então morrer!
Não digas nada! Houve o que te vou dizer. Apreende
Esta história de vida que eu tenho para te contar!
Ousa sonhar ser aquilo que quiseres ser,
Mesmo que aos outros pareça inusitado!
Mas nunca sonhes com o que não és, com o irrealizável!
Só assim poderás enobrecer
Os sonhos em que tens acreditado,
(No teu ser indivisível e irrepetível),
No teu mundo deveras admirável!

Luís Lameiras




SENTINELAS

Abri os olhos nessa manhã,
E num suspiro longo,
Estiquei-me... 

Ai, que delícia!
Sem pressa pra levantar...

Ao lado da cama,
À minha espera, de prontidão,
Os meus chinelos!

(Duma marca famosa, porém, popular!)

Coisa mais inusitada!
Nem sei bem o porquê,
Que acordei,
Com essa fixação!

Deitada ainda, me veio à cabeça,
Refleti...

São eles que me acompanham por aqui,
Nessa minha jornada terrena!
Todavia,
Jamais tinha parado pra pensar
Em como eram essenciais, assim!

Caminham comigo por todos os lugares,
Sem sequer questionar
Pra onde mesmo
Que ‘estamos’ indo...

Apenas, confortavelmente fieis,
Andam agarrados
Aos meus pés,
Em solo de pedra, areia, madeira,
Ou outro qualquer!

Seguem-me por aí...
Pra onde quer que eu vá!

E à noite, que alívio!
Quando apago as luzes do meu quarto,
Lá eles estão,
Paralisados, ao lado da cama,
Sem nenhuma noite falhar!

Durmo escoltada todos os dias...
Que sensação maravilhosa!
Sei que posso fechar os olhos, segura,
Pois, tenho companhia!

Hoje e amanhã caminho mais!

E ao lado da cama,
Não importa o lugar do planeta,
Meus chinelos,
De borracha macia...

Em estado de alerta!
Sempre fieis, à minha espera!



Patricia Zago