terça-feira, 23 de outubro de 2012

HORIZONTE PRÓXIMO

Fica aqui, deixa-te ficar 
com os dedos perdidos nos meus, 
para que eu possa esquecer 

que o amor não morre, apenas adormece
embalado entre os segundos
que vagueiam em compasso
dissipados nos minutos.

Fica aqui, para que sempre possa
regressar ao teu corpo,
como as árvores que resistem
aos primeiros ventos de Setembro.

Fica em mim, como se a neve
chegasse apenas de madrugada,
ou a bruma fosse filha do inverno.

Fui olhar o mar para ver o teu rosto na linha
onde o céu se deita com as águas,
onde aconteces dentro do meu corpo,
onde o teu vestido
propositadamente me oferece os seios.

Um dia escrevi o teu nome num pássaro
como se as letras soletradas
fossem impressas em cada pena,
um dia parti numa nau
como se mil e quinhentos fosse ontem,
talvez por isso a praça esteja repleta de vozes
que abraçam o mar.

Fica aqui, hoje apetece-me falar para ti.


© Francisco Valverde Arsénio




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