terça-feira, 2 de outubro de 2012

Canção do amanhã

As gaivotas já não voam na marina,
as papoilas já não crescem no meu chão,
os dias já calaram a canção

do coro dos meus tempos de menina.

E há multidão, mas estamos sós.
Não há mar, não há terra, não há mão
que nos traga as gaivotas que se vão
no olhar dos meus pais, dos teus avós.

A voz do meu passado esvaneceu,
o berço é pequeno para mim,
os dias que me trazem vão assim,
ao som de uma canção que já morreu.

O chão onde adormeces não é teu,
o sonho onde te enrolas foi levado,
em ti só há sombra do passado.
O presente que te deram, quem o viu?

Não chores, não tenhas medo, ainda há vento
E chão onde papoilas dão semente.
Se cultivares num campo um mar de gente,
é só regar de esperança o pavimento.

Levanta a tua fé, vem ter comigo,
também nós podemos ser o imenso mar,
subir bem alto ao céu, poder sonhar,
sem medo das alturas, do perigo .


Maria da Fonte




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