quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Cristina Pereira

DESERTO

O poço no meu peito desapareceu
Secou-se-lhe toda a água
E os meus lábios ressequidos
Não beijam agora mais nada

[Fui-te bago d’uva saboroso
Que bebias ao entardecer]

O meu corpo tornou-se um deserto
Onde falta a monção do teu ser
Que o cobria e inundava
De alimento pra viver

[Fui-te bago d’uva saboroso
Que bebias ao entardecer]

Perdi pelo caminho as forças
De tanto gritar o teu nome
E assim morrerei, sequiosa
Das chuvas do teu - em mim - escorrer.

[Tornei-me bago d’uva mirrado
Sem licor pra oferecer]

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