SÓ ESPIA
Quando pequeno, espiava
espiava, sempre espiava
espiava e não via nada.
Fui crescendo e esquiando
espiando as coisas rodando
subia descia e eu espiando.
Espiando eu aprendi a olhar
tudo se ia e eu estava lá
sempre parado no meu espiar.
Espiava os pássaros ah a voar
cometas na imensidão a riscar
lagrima triste caída ao chorar
o amor que ia para não voltar.
Passa o trem na linha a espiar
e o balanço salobro do mar
à noite com sono a sonhar
na vontade que sempre esta lá.
Passou a estrela no lençol da lua
a misera do pobre sobre a rua
espiada pela consciência tua
vinda de uma vida fria e nua .
o flagelo da criação espiada
espiava e espiava e nada fazia
todos via mas apenas falava
momentos de horror aquele dia.
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