terça-feira, 11 de junho de 2013

São Reis

E depois sobrevém-me essa vontade
de escrever
de te escrever
E há o teu rosto no lugar das palavras
e os teus olhos no lugar dos dedos
e a tua forma de olhar no que deveriam ser versos

E depois há a insónia
e os teus teus cabelos vogando ao sabor do vento
e os teus olhos me olhando
Sempre os teus olhos silentes
me despindo
inquietos e silentes
como se fossem mirantes
que eu não alcançasse
porque a beleza que abarcam
está acima da minha compreensão

e eu sinto-me pequeno!
tão pequeno
perante a imensidão do teu rosto
e a transparência dos teus olhos

E mergulho neles
como um peixe mergulharia num lago
se o visse
e deixo-me vogar
porque não tenho pressa
O poema não tem pressa!
Nem as palavras,
e nem os versos!

A única pressa que tenho
é essa certeza de que preciso do teu rosto
e dos teus olhos para viver e respirar

O resto não conta!
o resto são pedras e folhas
que o vento traz consigo
nas noites em que sonho acordado
tentando ver para além dos teus olhos!

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