quarta-feira, 12 de junho de 2013

Margarida Sorribas

QUANDO EU FOR NOITE

Quando eu for noite,
Terei que deixar que morra em mim
Este desejo tão forte, tão amargamente forte
De te querer amar mais e mais e para sempre.
Quando eu for noite,
Para além dos meus versos, nada mais te poderei deixar
Do que a mágoa de me teres deixado ir
Com os olhos rasos de água de tão tristes
Por não ter sentido a alegria de me teres amado,
De não teres permitido que fizesse do teu caminho o meu caminho,
Mas eu pensava que o teu caminho era a minha luz,
E achava que este contínuo e inexorável fluir do tempo,
Tão friamente,
Tão insensivelmente,
Tão implacavelmente,
As nossas vidas tinha separado,
E que eu poderia fazer dos nossos tempos um só tempo,
E fazer dos nossos tempo um tempo justo,
Um tempo certo, adequado.
E era só isso que eu queria
E era isso que eu te pedia...
Perdoa-me amor, por favor,
Se algum mal eu te fiz por pensar assim,
Mas foi de tanto te amar.
Quando eu for noite,
E a saudade de mim e daquilo que não fomos
Bater à porta do teu corpo, lê os meus versos
Mas não chores ... não chores,
Pois eu já não estarei magoada...
E canta-os ... canta-os bem alto no seio da noite
Antes que chegue a madrugada
Para que eu os possa ouvir
E, onde quer que eu esteja,
Serei uma estrela a sorrir para ti.
Não chores amor,
Escuta o que eu tenho para te dizer,
É melhor assim.
Eu sem ti não sou ninguém,
Que mais posso eu fazer?
Já não vejo nada,
Tudo é morto, tudo é vago,
Sou uma pobre cega sem pecados
E a minha única culpa foi ter-te amado,
Foi ter-te amado assim.
O meu rumo eu já perdi,
Sem ti não sei viver e desde que te conheci
A minha vida é só tristeza e dor,
Uma dor constante, que não sai de mim,
Nunca vai embora...
Por isso é melhor assim

Mas deixa meu querido que te diga
Que nunca, nunca mais irás encontrar pela vida fora
Amor tão grande como este meu
Que só chora...só chora,
Mas que um dia, vencido pelo cansaço se fez poeira
E no sol-posto da vida se escondeu...
Partiu ... foi embora ...

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