domingo, 21 de abril de 2013

Renata Rothstein

Fantasmas no Espelho 

Perguntas sem respostas conclusões indefinidas e nada hoje faz sentido ou rima
A trajetória afogada afogueada no limbo imagens e explicações - o indisfarçável grita
As bolas de cristal trapaceiam e eu destôo do medo que vem - cumpro minha sina
Eu e os meus eus nos cínicos espelhos joelhos ralados pensamentos trocados

Sem tempo e espaço ou - já não sei - indiferente aos postiços preconceitos
Abstenho-me pois de tolerar inócuas promessas e salvadores tirânicos
Debruçada na torre da demente inexistência observo os mágicos e os salteadores
Ironia companheira constante traz a chave das algemas nas frágeis mãos dos traidores

E tão unos nulos prostrados na sua indignação recolhem suas lágrimas e suas dores
Os amadores castigam a si próprios no afã de tudo o que eu nem quero adivinhar
E é tanto a se desfazer para novamente erguer um castelo de sonhos divinatórios
Oro para que fora de mim eu consiga de alguma forma reencontrar o que sou

Fantasmas no espelho imagino tudo o que vejo e o que vejo hoje é o nada
Eu vou voo liberto minha alma aprisionada que desfalecida agradece ao momento
Incinero minhas tolas convicções e cedo ao apelo abstraio atraio me atiro ao impulso
Derrapando trangressões constato como é sábio ser louco quando o muito é tão pouco

Tampouco demérito o não saltar o fincar raízes perenes que embora não se saiba - inexistem
É dia e anjos exigem atenção e a fuga da monotonia é só um caminho e é noite e vampiros sorriem
E tudo o que eu desprezo por si faz-se vazio é longo o desatino da lucidez e eu por minha vez
Transcendo meu pesar simulo genuínos sorrisos engulo com gana meu grito como se não houvera

Em direção ao Sol caminho solitária sob a estranha chuva prateada...
Longe do absurdo rebeldes paralelas descumprem ordens sem sentido sorvem o uivo dos solitários
Sei. Prosseguir traduz que é chegado o fim do ato - cerram-se as cortinas enfim para recomeçar o que já vivi.

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