Paulina Lima Rodrigues
Poesia: Abandono
Embora você...
Já tenha me dito que não queria ver-me
Quando eu não estivesse bem...
Que eu só te procurasse
Quando eu estivesse zen...
Eu sei que para você eu
Só sou interessante sadia, sã, boa...
Mesmo assim eu quero que saibas...
Que eu não estou nada bem...
Abandonada estou em uma furada canoa
Eu precisava desabafar com alguém
Antes de morrer
E sinto muito em te dizer
Mas esse alguém infelizmente é você
... Eu estou atolada na lama fétida da tristeza
E vejo os vermes devorarem o coração
Relutante da minha frágil alegria contagiante...
Sabe...
Dói-me tanto vê-la sendo dilacerada
Queria ter forças de trazê-la de volta
E reanimá-la...
Mas as barreiras dos meus olhos desabaram
E as meninas frias, dos meus olhos
Estão morrendo
Por inteira fui abandonada
Na sepultura do lamento
De tanto chorar, chorar...
Meus olhos, minha cabeça estão doendo...
Vejo-me no deserto da amargurada solidão
Com duas armas de fogo
Apontadas para o meu brilhante intelecto
E meu cérebro espalhado pelo chão
... Pode ser que tudo isso para você
Não passe de balelas ou uma grande estupidez
Mas saibas que para mim
É muito importante não perder a lucidez...
Por que sei que tantos sofrem como eu
Por um amor que foi embora
E nem ao menos nos disse
Adeus
E suspiramos, esperando que ele volte
Cheio de amores, batam em nossa porta
Com toda gentileza, digam que nos ama
Tragam-nos presentes
E buquê de flores
Sonhamos em sermos amados
E amar por toda a vida
Ser presentes, desembrulhados
Com muito amor e cuidado
Ser tão importante um para o outro
Como importante é para o corpo
A comida e a bebida
Perdoe-me
... Por minha insistência e ousadia
De fala e fazer você ouvir
Coisas tão desagradáveis
Que de mim você jamais queria
O que por aqui vou escrevendo
Não segue rima nem métrica, escrevo porque me está dentro da alma
Escorre-me das veias para a pele, e extravasa se não a paro com paz e calma.
Eu não me considero poeta, porque não quero ter a obrigação de o ser.
Prefiro escrever, sem nenhuma categoria. Sem catalogar se é ou não poesia.
Assim sinto-me livre, sem escrever por medida. Escrevo como penso e sinto,
Sou um ser simples e sem nenhuma alegoria, porque sou uma mulher do povo,
e não tenho, de Drª a categoria. As minhas palavras são tão simples e humildes, quanto eu
que sou, como um singelo malmequer e adoro o meu pequeno, mas belo jardim
Onde até mesmo uma simples papoila, vale por vezes e para mim, muito mais…
Do que o mais belo e perfumado jasmim. A beleza está na simplicidade da natureza.
© Catarina Pinto Bastos
Por: Poesias da Catarina
Sou aquele poeta triste e solitário,
Que habita o sentimento e a escuridão...
Para as rimas não uso dicionário,
Surgem na mente como uma explosão!
Escrevo o que me dita a inspiração:
Sou realista, às vezes visionário...
Outras vezes quem escreve é o coração,
Meu sentimental guia literário!
Um dia, hei-de escrever, aqui prometo!
Um poema sem métrica e sem rima,
Onde não haja quadra nem terceto...
Vai ser difícil fazer essa esgrima,
Vai ser difícil não sair soneto,
Porque o meu estilo vem sempre ao de cima!...
por:José Manuel Cabrita Neves
26-01-2013 O SONETO E A RIMASONS DO MEU CORAÇÃO 27-01-2013
Quisera eu me calar e somente dizer com brilho do olhar
E em um canto gregoriano, dizer tudo que trago no peito
ter somente o som delicado dos versos desencontrados
trazendo o canto dolorido deste amor desfeito
Minha sensibilidade poética traiu meus sentimentos,
E em serenas vibrações transformou meu choro
cada filamento correndo, germina a emoção,
Na transparência de uma poça de água
que embarga os meus olhos, e mergulha meu coração.
Quisera ter sonhado apenas desejos e quimeras
Esperado pelo vento norte que sopra a esperança
não estaria tão sensibilizada com tamanha tristeza
e nem desejaria tanto voltar a ser criança
Se eu pudesse…
Se eu pudesse um dia,
Estar contigo numa noite fria…
Poder ser teu cobertor
Te amar com esplendor…
Terias no meu sorriso terno,
A tua melhor noite de inverno.
E nos dias quentes, de verão,
O calor, nos aqueceria o coração…
E nós seriamos a ternura,
Amando-nos com doçura
Num festival de amor…
E o nosso mundo seria, riqueza e cor!
No outono ao amanhecer,
Te queria oferecer
O mais terno beijo doce,
E se uma fruta eu fosse,
Seria sumarenta e madura,
Para encher tua boca de doçura
E na primavera ao anoitecer,
Queria em teus braços esquecer
Os problemas do meu dia,
E no teu peito me encostaria…
De mim poderias cuidar
E eu me deixaria amar!
AMOR É...
Amor é um sentimento que se sente,
É um andar contente de tão triste,
É um pertencer, alma, corpo e mente,
É um mais querer que sentir existe.
É um querer viver em demais gente,
É um sentir que de si, não desiste,
É um ter coração mesmo em si ausente,
É força que bem quer tão mais persiste.
É não render, rendido de verdade,
É sua cura de si mesmo na dor,
É não quebrar, quebrada essa lealdade.
Mostra ter cor, se tem tanto sabor,
De que é preso a tamanha liberdade,
Que causara mudança em tal amor?
PEDEM CAMINHOS…
Pedem caminhos os atônitos deste tempo,
Como âncoras alojadas no fundo do mar…
Reiteram que o tempo caminha para mudar,
Desinteressados do jeito ambíguo de ajudar,
Prestam auxílio que no rosto mata o momento.
Pedem caminhos os insólitos desta mensagem,
Preservam a vontade que afasta a ilusão…
Esperam que o tempo apenas lhes dê razão,
Numa azáfama que respira a desilusão,
Em lembrança supérflua que viaja em imagem.
Pedem caminhos os desalojados de ambição,
Como pedras roladas em travos de sabor…
Que regressam ao mar em ondas de calor,
Despertam dos sonhos que perdem com amor,
A coragem que move os homens reféns da paixão.
JOSÉ MIGUEL ARAÚJO
(Professor de Geografia)
28/01/2013
As lágrimas não escrevem mas sentem
As lágrimas não escrevem mas sentem
O pio da coruja agoirenta
O som das quedas de água
O mio dos gatos enrolados
As lágrimas não escrevem mas sentem
A menina chorosa violada
O pai monstro fechando a calça
A mãe incrédula alterada
As lágrimas não escrevem mas sentem
Os tremores do velho moribundo
O fedor da morte anunciada
As portas que se trancam à esperança
As lágrimas não escrevem mas sentem
Os devaneios tresloucados
A frieza da navalha afiada
O sangue que jorra do corpo
As lágrimas não escrevem mas sentem
A música que se ouve nas ruas
O amor que brota dos corações
As mãos que se unem numa só
As lágrimas não escrevem mas sentem
A felicidade de dar um beijo
A alegria de saber sorrir
O desejo de caminhar lado a lado.
Águia Negra
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