terça-feira, 29 de outubro de 2013

Mirian Cerqueira Leite

IDÍLIO

Sonhei
Que a noite não amanhecia
Não amanhecia...

Das janelas da minha alma
Vi o céu que se rasgava em nesgas
De obscura claridade
Entre prateadas brechas
Lá nas alturas da cúpula celeste
Estrelas salpicavam o contorno
Do teu corpo de luz...
Crescias em nitidez

Surgias tu

Belo
Singelo e mudo

Calando fundo
No meu corpo saudade
A cópula dos desejos do mundo
Rompendo o pacto obceno
Da minha pseudo viuvez

Como sombra deitando sonolência
Sobre o abdomem das noites
Senti
Teu beijo síntese adormecido
Selar minhas pálpebras vigilantes
Para não mais despertar
Desse sonho
De nunca amanhecer...

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