sábado, 5 de outubro de 2013

Celeste Seabra

Guarda chuva sem cor

O barulho... poc... poc.. poc...
pinga por pinga...
assim cai a chuva... 
sobre o meu guarda chuva aberto...
como se fosse o meu teto!

E eu sentada, sozinha no passeio,
triste e cinzenta, como o céu que cobriu esse dia...
senti cada pinga... cada gota fria!
Poc... poc.... cai como se fosse o bater da hora,
dos minutos que eu deixei fugir...

esse poc... poc... no meu guarda chuva, quase que invisível,
como se me tocasse direto na alma,
recordei as palavras que me disseste,
as palavras que nem este guarda chuva conseguiu amparar...

poc... poc... poc... este barulho... quase ensurdecedor
das pingas da chuva a cair, levaram-me o amor
o meu sentir...este que teima em machucar...
e eu ali sentada, debaixo desse teto quase invisível, atordoada
pelo poc... poc... que me invade os sentidos
só sinto a dor o poc... poc... ouço-o,
talvez por instinto, não porque a alma mo permita,
mas sim porque a dor de quem perde um amor,
essa, é mais fria do que a água que cai do céu...
gelou-me todo o ser...

Este poc... poc... no guarda chuva, que nada resguardou de verdade...
e eu ali, sentada no meu vestido vermelho,
molhada das lágrimas que teimam em rolar...
como se o meu coração tivesse saltado para as vestes,
á espera que este poc... poc... o lavasse de toda a dor...
mas não... foi-se o mor!

Fique a condizer com o céu..
triste e cinza... a cor que o momento me vestiu...
poc... poc... pinga por pinga...
e eu ali,sentada, a ganhar coragem para me levantar...
agarrada ao meu guarda chuva sem cor...
deixei fugir os minutos... e com eles, foi-se o meu amor!

Poc... poc... poc... no meu guarda chuva sem cor!
Poc... poc... não é a chuva, é a dor!
O barulho na alma... É quase um silencio ensurdecedor!

Nenhum comentário:

Postar um comentário