sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Antonio Montes

GRITO NO AR

Ali na praça
da cidade grande
tem jardim e pássaro 
e papo que expande
dão soco e sopapo
no pequeno e grande.
É gente que passa
sem mais sem porque
carreira dispara
o projétil da bala
achado em você.
Pessoas que vai
e outros que vão
aqueles que veem
logo ao amanhecer.
Passeata protesto
governo ingrato
não tem papo reto
é mesmo um saco.
Um povo que morre
sem ter aonde cair
um rico esnobe
morrendo de rir.
Por ali raiva passa
amor e solidão
o riso sem graça
carinho sem paixão.
Passa tudo também
às horas e passado
o tempo vencido
andar disparado.
O moleque atrevido
o malfeito o bandido
a risada descarada
o momento vivido.
O olho sem nada
passa a zabumbar
o palhaço enfeitado
a mulher a balançar.
E o político malvado
o galho de arruda
a galinha e o frango
misera Deus acuda.
Preto e orangotango
a droga do fulano
o sentimento que voa
e aquele sicrano.
No tempo parado
à vontade à toa
pensamento encalhado
A chuva a garoa.
O sangue a sede
à noite e o grilo
o galho e o verde
o besouro o mosquito.
O grito no ar
a fala encalhada
o medo de amar
a voz abafada.
O lenço a bandeira
o abandono ao olho
o spray a carreira
o grito o encolho.
A morte a tremer
o sangue no chão
o medo você
parado o coração.
À vontade a fome
o olhar bem profundo
a fêmea que é homem
girando o mundo.
Minha cara meu tudo
meu olhar sentimento
à saudade meu mundo
jogado ao vento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário