quinta-feira, 6 de junho de 2013

Cláudio Carmo

AMENO

Singelo, calmo foi assim que recebi.
Em mistério, um doce mistério.
Tão doce, que não há o que temer.
Aportaram em meu coração de forma mansa.

Vagas ondas de ternura me molharam.
Caravelas, em alvas velas. Tão belas.
Singraram mares. Cruzaram céus.
Guiados pela noite estrelada.

Nem mesmo sereias, em canto mágico.
Desviaram da rota outrora tracejada.
Não havia palavra, que tirariam o meu interesse.
Nada me iria fazer improvisar meu rumo.

Várias foram às madrugadas em claro.
Despojará o sono, tentando encontrar segurança.
Não queria temer, ousar, errar.
Era vós que desejava.

Estava sangrado. Fui ferido, a ferro e fogo.
Meus olhos esbugalhados ardiam doídos.
Lacrimejavam em lamento a tua ausência.
Já não tinha rima, prosa, verso que fosse o meu sustento.

Não ouvia a tua voz.
Gritava insano em silêncio.
Pois se ouvisse meu tom.
Louco, doido, far-me-ia.

Seria apenas um eco perdido no espaço.
Não estarias por perto para me auscultar.
Sim, pois estava doente, sem lume, sem vida.
Pensava, onde encontrar forças.

Durante a penumbra da noite.
Para tornar vivo, a minha voz calada.
O que deveria fazer após tantos anos?
Qual seria a próxima página a escrever.

Porém uma luz invade a mente.
Penso, oro e em prece vejo.
Um anjo, calmo, sereno.
Diligente, me diz ameno. Amemos.

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