sexta-feira, 3 de maio de 2013

Telma Estevão

Ausência

A alma dispersa e esquecida
Fica ausente com a crueza da lua… 

Inquieta, abro as entranhas
Rabisco, pensamentos graves e severos

Os meus olhos mortos
Consomem os meus versos
E rasgam o vago, ao anoitecer

Carrego os murmúrios da cegueira
No meu ventre
Pingos de neblina, brancos e frios

Queixumes, trazidos pelo vento…

Aguento, as minhas utopias
Sou reclusa, do meu querer, amargo

Neste tenebroso momento, naufrago…

Trago nos meus sentidos a melancolia e o vazio
Embalo a luz
E as trevas, secretas do meu querer

Neste silencio e com o olhar recuado
Sangro e morro por dentro mais um pouco

Neste instante estendo a minha mão
E alcanço o distante…

Ao longe, os verbos sussurram segredos
Faíscam sonhos num choro doido e constante

Engano a alma incompreendida
Abrando a dor e o cansaço
Neste avançar e retorcer incessante…

Suspiro fundo, neste lamento sem fim.

A mão treme e geme num dilúvio profundo
Os dedos lassos e descontrolados enleiam-se
Recitam e libertam um grito, profundo

Quebram o lápis …tudo se esvai e falece.

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