quinta-feira, 28 de março de 2013

António Montes

NOITE CALMA

Noite calma de lua cheia
Urro de lobisomem e cantar de sereia
E essa luz de pirilampo 
Tão pura que me encandeia.

De longe naquela estrada
Ao escutar a batucada
Vejo vulto na encruzilhada
E o pular da morena de saia rodada.

Tudo é passado hoje tudo mudou
Não tem mais brincadeira
La vai o Sr doutor
Procissão na calada quatro
Um vulto enrolado na rede ou saco.

Segue a trilha rumo ignorado
La nos arbusto no desovado
Deixaram, mais um ser aprezuntado
Em um pedaço de lona
Um corpo todo enrolado.

O dia amanhece vira manchete
Muitos sabem, mas não sei
O autor esticou igual chiclete
Não é surpresa, isso eu já pensei.

A parada existe e sempre vai existir
Desigualdade é ampla e anormal
A pobreza aqui e que leva pau
Manobrada apenas por policial.

Dona Maria já esta a procurar
O seu filho perdido na multidão
já sei, pulou não volta mais
A culpa é de quem? De ninguém
Ninguém quer assumir defeitos, não
O erro pode apenas ser um
Arrastando essa falida e fraca nação.

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