quarta-feira, 3 de outubro de 2012

À GUITARRA

Guitarra, triste guitarra,
Deusa do amor e martírio,
Quando o teu vibrar me amarra
Minha alma entra em delírio.

Muitas vidas iluminas,
Teu abraço as faz sonhar.
Foste rota e leste sinas
a caminhantes no mar.

És o ar que me dá vida,
Quando me sentes vencido,
Pressentes o meu pulsar.
És como a amante perdida
Que me sussurra ao ouvido
Os beijos que me quer dar.

Companheira do meu fado,
É distinto o teu passado
E o teu choro é meu cantar.
Tu que o peito me embaraças
E a minh’ alma entrelaças
Quando te oiço chorar.

Vadia por natureza,
nas tascas e nas vielas.
A Lisboa dás beleza,
De alfacinha, em aguarela.

Vais buscar dons que precisas
ao Tejo, a qualquer canoa. 
com um vadio te amantizas
Num dos becos de Lisboa.


M. Manços



Nenhum comentário:

Postar um comentário