terça-feira, 3 de abril de 2012

Os Nossos Poetas


A VIAGEM 

Caiu uma chuva colorida
Colorindo rios, florestas, e matas
Como uma suave despedida
Deslizou levemente pelas cascatas

O Arco-Íris se formou no céu
Igual a mais linda aquarela
A natureza em forma de troféu
Merecida e honrosa homenagem bela

O Valente Espírito Visitante
Causou uma Perturbação na Floresta
Com sua musicalidade abundante
Fez da tranqüilidade uma festa

Uma Dor Pode Ser O Nascer de Uma Alegria
E trazer paz e amor aos corações
Herança da arte e da poesia
De um Mestre de muitas emoções

Mas, que se alegre a Alma Africana
E que festeje a Nação Moçambicana
Atendendo à vontade Divina e Soberana
Foi chamado ao Paraíso o Talentoso Malangatana

Arilo Cavalcanti Jr.




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Chegas,…
Olhas o meu olhar,
Tentas descortinar
o que está para lá
do olhar perdido,
incolor…,
Alienado..
Estendes a tua mão
Seguro-a…
Murmuro…incessantemente
Demoraste…Queda-te…
Queda-te…!
Sacia-me esta fome de porquês,
Mata-me a sede de dúvidas,
apazigua esta tempestade
que me dilacera a Alma.
Silencia-me a dor!
Dá-me o teu Amor!
Entremos os dois
No mesmo sonho,
Onde tantas viagens partilhamos!
E tantas viagens partilharemos…
Enquanto o tempo nos deixar!
Enquanto soubermos Amar!!

Tina Tinoco




Esta carta que não te mando…

Esta carta que tenho aqui
É bonita bem o sei
Eu a escrevi para ti
Quando para ti eu era rei
Mas agora que não o sou
Não sei o que lhe fazer
Dependente de ti eu’stou
Mas não sei como te ver
Gostava de te ter ao meu lado
Porque ainda gosto de ti
Tu foste sempre o meu fado
Esse fado que em ti vivi
Contigo ficava sempre alerta
Pelo amor que por ti tinha
Meu amor em ti acerta
Tu és bela, tu és minha
Mas o que é que estou a dizer
Se tu jamais me ouvirás
Teu amor gostava de ter
Mas ao meu lado como serás
Será que pensarás em mim
A todo e qualquer momento
Ou ficarás apenas afim
De me criar um bom tormento
Não era isso que eu queria
Numa vida de sentimento
És um bem que eu amaria
Pois para mim és alimento
Gosto de me alimentar em ti
De sorver todo o teu amor
Numa amizade que eu senti
Que sem ti me dá ardor

Armindo Loureiro


  

Amor/Ódio

Eles pulam,dançam,serpenteando
a água na piscina...
Eles vidros,salpicados pela
chuva,choram
lágrimas de bem...
são jovens,mostrando-nos a
brevidade do tempo e fazendo
crescer em nós,
a paixão pelo novo,pelo
intrépido...
e a água ,símbolo de
sabedoria,vai enrolando
os corpos sensuais e de
beleza interior....
a beleza é a intimidade da
alma no corpo...
mas cá fora os corpos também
balançam no cair ,breve,
da gota de orvalho,perpassados
por um fio
de frio...
Não é o vazio...
As nuvens do amor
adensam-se e
crepitam no
fogo de ser
apaixonado,
amado....
Tempo morno e claro,
que leva a recriar-nos....
a luz goteja feixes de
luz brilho e
claridade sobre
as coisas..
E as pessoas,ouvindo
o cantar dos pássaros e
o arrulhar dos pombos e
melros,
com a meiguice
deste amanhecer,
sem entardecer a
vida,
recriam o aroma
do dia,
aguçam os olhares,cúmplices,
com a natureza
esbelta dos corpos e
aplaudem este
renovar....
vamos
madrugar no
amar
e desejar...
Os corpos desnudados
vivenciam
sexualmente,
serenamente,
o amanhecer
destes passos de
dança da vida,
nos rostos,alegres,
nos seios,
ancas e
pernas
aformoseadas e
perfumadas...
e a festa completa-se no
poema,
incarnado e
desejado,
no brotar da água
da montanha e nas
fontes do jardim,
com jasmim,
girassóis e
amores-perfeitos....
e nestas árvores que
verdejam o
sentir
sensual se
desperta...
E a felicidade será o viver
deste amanhecer
na vida e na
mocidade do dia ,
colocamos
esta verdade,como
o arco-iris e
suas claridades....
Amar é ressurgir
e iludir
as agruras
com ternuras...
Misturar claridade,luar,
sonhar,vento,
volúpia, prazer...
verdade com claridade...

Agostinho Borges de Carvalho




Espiritualidade

Nascemos rodeados de uma Áurea
A dos bem aventurados
Crescemos e começamos a andar
Em determinado momento
Sem se saber como chegou
Somos adultos que aqui ou ali a alteraram
Vemos como a vida se altera
Deixa de ter o sabor da ingenuidade
A audácia castiga-nos por não ver a verdade
Os sentimentos provocam revoluções
Que internamente nos vão corroendo
Maldades que o descuido alimentam
Vidas presas a vontade de viver
Que a esperança de alterar o destino
Alimenta o caminho em chamas
Saciando-se da bondade
De querer distribuir por outras Almas
Os sentimentos nobres que dentro transporta
Rotulados de insensatos ou loucos
Pomos no papel a coragem de poucos
Em dizerem o que sentem
Na vontade de nos lerem
Não descobrem o que é verdade ou fantasia
Desta vida de Espiritualidade
Calcada pela incerteza
De viver mais um Dia...

António Augusto




AMANHECE... NAS ASAS DO VENTO, EM PARIS""

Cresce a manhã!
Se o Sol se abrisse no céu,
sobre esse mar,
imenso,
azul-verde...
revolto?
sereno?
Na ânsia das ondas,
no rebentar da espuma,
no beijar da areia,
na voz que sobe das escarpas
e, se afunda no Tempo...
*
Se o sol se abrisse nas searas,
nos trigais maduros,
se debruçasse no alecrim e na giesta...
*
Se a brisa da manhã
me levasse a Paris!
*
Se nas asas do vento,
rumo a Paris...
um piano,
um violino,
uma harpa,
tocassem Mozart,
sonatas de Chopin,
palavras de Liszt,
tudo num abraço,
de suave enlevo...
*
Então,
o mar inteiro,
o rosmaninho,
o alecrim aos molhos,
o murmúrio do vento na giesta,
toda a natureza em festa,
todas as melodias,
sonatas,
sinfonias,
me entraria pelos olhos...
*
Um perfume nos meus versos!

Ana Maria Calado



LIVRO

É contigo que eu me deito,
me levanto,
é ainda contigo, que sacudo
esta angústia de estar só entre tanta gente.
É contigo que eu refilo, nesta canseira,
de tudo estar na sombra do correto…
Sim, do correto!
Não falar,
não escrever,
não criticar,
não pensar,
não…
- O menino não seja contestatário!
- Isso é para os políticos, para os pensadores!
- Eles estão lá para pensar por nós!

Só tu me tiras da decisão indecisa.
Só tu me arrancas do esquife pestilento,
onde nos querem plantar.
Só tu rasgas a mordaça e a vendeta,
do pântano fétido,
onde nos querem banhar.
Só tu continuarás a ser capaz,
de me obrigar a tirar os olhos
das coisas patéticas deste mundo
e do outro.
Só tu me escarafunchas
a mágoa de vida fútil
da agonia dos impropérios
vilipendiados por mentes torpes
ante realidade calada , apagada,
escorraçada pelo trio da ganância globalizada…
Como?
Nada…esquece…
Obrigado amante eterno.

Jaime Portela



IMPULSO

Arranco-te da pele enfado
Por cada instante
Sangrado por mim

Arranco-te da pele fado
Entranhado na alma
Vivido por mim

Arranco cada tormento
Passado no silêncio
De mágoas profundas
Lágrimas sentidas
Dores comedidas
Feridas sangrando
Desilusões antigas
Fracassos que foram
Íntimas vitórias 
Consciências abafadas 
Que hoje são glórias

Arranco-te do leito
Esse teu corpo colado
Ao frio colchão

Arranco-te o sorriso
Do teu rosto colado
Ao triste coração

Arranco da noite escura 
O terror dos sonhos
De temível agrura
Sombrios pensamentos
Brumosos momentos
De uma alma pura
Desfeitos caídos por terra
Um vazio de sentimentos
Tão cheios de nada
Tão plenos de candura 
Tão dotados de ventura 

Arranco-te da pele enfado
Por cada instante
Sangrado por mim

Arranco-te da pele fado
Entranhado na alma
Vivido por mim

Edite Pinheiro

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