quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Nossos Poetas

 DIAS RESIGNADOS

Há dias
Em que a carne suspira sossego
A alma embrenha-se no medo
Dias em que a dor por cumprir
Se eleva em redenção
Quase dor por sentir
Em suspiração

Há dias em que o corpo macilento
Rendido aos químicos e à morfina
Tropeça no cansaço quezilento
Da dor que o moí e assassina
E assim fica abandonado 
Esse corpo perdido cansado

Dias em que as palavras são agulhas
Poemas são bisturis afiados
Dias em que versos são faúlhas
De fogos em dor incendiados

Dias em que o pensar é solidão
E os sentimentos afogueados
Chamas de um sentir comiseração

E o corpo ruma a um só lugar
Perdido sem se encontrar
Corpo e alma desencontrados

Paz do Ser nunca vão achar
Nesses dias resignados

Clamam resignação
...
musa­ ­


 Sinto-me tão só
Como quando nasci
E não te senti
Um corpo
Com um colo aberto

Queria virar-me ao contrário
Voltar ao ventre materno
E dizer-te
Só...a ti:

- Vem-me visitar
E faz do meu caminho
Um sol nascente
A cobrir-me o corpo todo

A saltitar por entre as memórias
Que me dizem de nós
Eu me contradigo
Nos nomes que invento
E nas horas mortas
Fecho os olhos
E choro baixinho

É este silêncio uma dobra
Num lençol dourado
Onde escrevo
O teu nome
Para que no fim
Me nutras a alma
Já que o corpo
Mata a minha fome
Derrubando muros
E a minha sede
A beber os sonhos
Afogando
Momentos meus e teus

Sónia Pinto­ ­


Viajando pelo sonho

Dispo-me dos fragmentos dolorosos da vida,
Abraço-me aos instantes feitos sonhos
E deixo-me levar nas ondas de um novo sentir;
Esqueço a escuridão de nuvens passageiras,
O sol que desponta em aurora luminosa,
Afaga-me o coração, 
Acalentando-o do frio de invernos passados!
Olho o firmamento
E numa ilusão quimérica,
Sinto-me com uma pena 
Que voa livre, indomável e sem destino!
Sigo o ritmo das marés solares,
Penetro em mares estelares,
Mergulho na suavidade das águas voláteis,
Descanso serenamente nas rochas lunares!
Reparo num ponto infinito,
Insignificante que vislumbro lá longe,
Quiçá seja a Terra que me chama,
Recuso-me retornar,
Não quero voltar ao desassossego da alma, 
Muito menos às dores do corpo,
Nem tampouco aos dissabores
Que nos causam os humanos!
Semicerro os olhos,
O Luar envolve-me, 
Suspiro...
Toco com os meus pés 
O chão da Terra!
Despertou-se o sonho.

José Carlos Moutinho­ ­


Se minha alma não está visível
estilhaço
aceito mutilações

Se minha alma não é visível
esvazio
no espaço, outras dimensões

Sem palavras desalmo em peles
deslizo ondas, luz
mutilações metafísicas
- entre pensamentos -
(em)a versos, evasAlmas
voo me escrevo e onde deslizas
me (re)escrevo, amo, poemo…

Carmen Silvia Presotto­ ­







Um comentário:

  1. Eba, que bom estar aqui conVersando, um beijo grande meus amigos, gracias e seguimos sempre em Poesia.

    Carmen.

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