sábado, 3 de agosto de 2013

Manuel Manços Assunção Pedro

A CEIFA

A Terra acorda ao alvor das madrugadas.
O sol é fogo na planície e nos outeiros.
Colam-se dores, às costas já estafadas,
que a fouce grava na magreza dos ceifeiros.

Em mar dourado as searas são ceifadas,
ouve-se a rola, arrulhando nos sobreiros.
As raparigas matam sedes nas aguadas
e os aloendros florescem nos ribeiros.

Sobre o restolho há paveias e cantigas,
rubras papoilas, um coro de raparigas,
que arrastam no olhar, ternos corações.

E ao almoço, que tem ar de romaria
retomam forças, numa açorda, em cada dia,
vendo na eira, a debulha dos ganhões.

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