Limbos e Purgatórios e Catarses no meu Jardim
As vezes uma catarse e um distúrbio
e vejo vultos que rodeiam lâmpadas
então vago pelo limbo a observar
todas as memórias que contém rosas
e há espinhos cravados na carne e na alma
e, é sombrio o caminho entre o pranto
e, não há refúgio nem há acalanto
mas, eu continuo a caminhar sem esmorecer.
As vezes uma catarse e um purgatório
e vejo vultos pranteando pelos cantos
então eu estico as asas de penas cintilantes
e sobrevoo esse desolo a refletir.
As vezes uma catarse, então vago pelos jardins
do Éden, da Babilônia, do inferno enfim
e colho heliotrópios e gerânios e espíritos
e revelo palavras que não deviam serem ditas;
mas, há toda uma misericórdia pungente
pulsando em corações petrificados, sofridos,
por onde houveram amores e decepções,
por onde ouviram gritos abafados de socorro.
As vezes uma catarse e uma alucinação
que se faz real entre os vultos que adormeceram
pelas vielas e pelos becos e palas catacumbas
então, eu continuo a caminhar pelo limbo
então, eu planto flores místicas no purgatório
então, eu morro todas as vezes que for necessário
para poder encontrar novamente aquela alma
que um dia longínquo d’outra vida roubou a minha paz.
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