DANCEI
por Margarida Cimbolini
5.02-2013
dancei toda a noite nua
núma fogueira que ardia
do céu caiam fagulhas
caíam pedras de sal
a salgar a ventania
cortavam ceara rente
homens de face escura
espigas de pão madrugadas
enchiam a pradaria
do sal nasceram espadas
carregadas de paixão
muitas foram queimadas
sumiu-se da terra o chão
de mim as alegorias
feitiço branco de neve
cobriu a serra de sangue
arrolaram bem as rolas
foram fugindo uma a uma
ficou a fogueira acesa
e eu no meio dela nua
por minhas mãos estava presa
no meio da ceara cortada
por homens de face escura
tornei-me estátua de sal
voltada a mirar a lua.
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