penso..
cerro os olhos
mas meu coração insiste em ver-te
espalhando tua presença em meu redor
sem procurar entender-te-me
não se sente vencido
sabe que nunca serás esquecido
cerro os olhos
no silencio de nós. em despertares
de emoções complexas
ouço-te ao meu ouvido
num sussurro em espaço vazio
não entendido
em sentimento julgado
sombra de revolta
num pensar enganado
vem amor
venda-me os olhos
e diz-me que o amor é cego..
diz-me...
a.silvestre
SAUDADE ... DAQUELE ABRAÇO
Saudade...
Daquele abraço,
Meigo,
Terno,
Carinhoso,
Doce,
Amoroso,
Apertado,
De verdadeiro Amado.
Há tanto tempo...
Ausente...
Aquele abraço
Num apertado laço,
Em dicotómico todo,
Num único todo,
Cintado
Em luz moldado
De terno Amado.
Saudade...
Daquele abraço
Do Bem que até mim desceu
Vindo do céu
Numa estrela cadente
Em luz envolvente
Numa aura de ternura,
De doçura,
Que colmatou
E adocicou
Minha amargura...
Zélia Chamusca
Nada que faço segue o rumo da história
Permitindo o agrado singelo e
constante
Este coração sempre errante
Navegando solitário na memória
Gasta estou sem sentido
Mas o dever foi cumprido
Amar sem medida foi o meu mal
Devia pensar mais em mim afinal
Olhos de mel sempre tristes
Doces, meigos e humildes
Olham para o luar sobre o mar
Procurando uma nova forma de amar
Mas quis o Destino cruel
E bem que o sinto na pele
Manter o teu coração no meu
E o meu olhar será sempre teu
Manuela Cardoso
MEU LEDO ENGANO
AINDA EU...
ROUBO O ANEL DE SATURNO
PARA ENFEITAR O SEU DEDO
DEPOIS ENTRO NO SEU CORAÇÃO
SEM PRECISAR DE SEGREDO
AINDA EU...
TIRO DA NOITE O MANTO
PARA TE AQUECER DESTE FRIO
JURO TIRAR TODA A SEDA
QUE O BICHO, POIS NO CASULO
AINDA EU...
TEÇO UM VESTIDO PRA TI
BANHADO COM ÁGUA DE CHEIRO
ESPERO POR UM DIA INTEIRO
SÓ PRA DEPOIS TE DESPI
AINDA EU...
PEÇO QUE O SOL ILUMINE
SUA CAMINHADA SEGUINTE
EU TENHO PRA LÁ DE QUARENTA
MAS AO SEU LADO TENHO VINTE
AINDA EU...
IMPLORO PRA NOITE CALADA
NADA FALAR DE MEUS PLANOS
VOCÊ SEMPRE SERÁ MINHA AMADA
VOCÊ É MEU LEDO ENGANO
VALTER ARAUTO
Doutrina
Para mim, poetisar o amor,
é como uma doutrina,
edifica-me, a alma,
e a ti,
ensina.
Que jazer em solidão,
não é opção,
é fechar os olhos,
para o amor,
que te clama.
Saiba, entretanto,
que o amor,
é ancião,
e possue a sabedoria,
dos anjos e olhos eficazes,
à ler-te o coração.
Deusa Orquídea.
Ao anoitecer na Ribeira,
a certas horas,
os cheiros misturam-se,
com os corpos entrelaçados,
suados,
fundidos num só,
a nostalgia solta-se das aguas do rio,
do rio dourado, de mansinho, beija
e sobe pelas margens,
abraçam os casais,
que num doce balanceado de saudades,
vão desfiando sombras de vidas,
vividas,
sofridas,
choradas,
ao som agridoce dos boleros do Nat,
na voz compassada,
arrastada do Jorge Fernando.
Naquelas noites aspira-se amor,
respira-se a liberdade....
e respira-se a poesia da vida!
Jorge Fontoura
Toco devagar
no vértice duma esquina.
Enternecem-me os pássaros
que chilreiam
e uma planície grande
e perdida
num riso de mar.
Sinto nos dedos
a orla
das águas
onde as asas das gaivotas
se agigantam nos gestos,
onde o contorno
maturado dos teus lábios
desafia a audácia
dos meus movimentos.
Dedilho uma harpa,
sim,
eu também sei tocar harpa,
sei de cor a textura
de cada milímetro de corda
e a cadência do vibrato,
sei como te chamar no contratempo
e fazer-te fonema mudo.
Sei como um poema
pode desaguar na tua alma.
Francisco Valverde Arsénio
Ao mexer em alguns livros da minha
biblioteca,
Revi mais do que as traças que ali
moravam, já
Que achei meus textos, ainda
totalmente presos
E sonâmbulos ao nosso contexto, pois
traziam a
Insônia, sem parcimônia, na história
da memória
Triste do fim que existe em mim, do
que vi depois
Que de nós dois partiste e sequer a
dor repartiste.
E te confesso que ao reler senti doer,
corroer, já
Que em mim segue triste o nosso fim,
pois virou
Saudade o que foi de verdade e
lembrança sem
Chance de herança sequer na esperança
de tudo
O que vivenciamos e covardemente
renunciamos,
Quando nossa união virou separação e
corremos
Perigo, quando frontalmente nós
viramos inimigos.
Eu sei que vais dizer que valeu, que
durou o que
Tinha que durar, mas desculpe-me, pois
não quis
E nem por merecer fiz, até porque até
hoje quero
Entender por que na minha vida chegaste,
se não
Era pra afetivo, efetivo ficar, por
que terna paixão
Promoveste com tão belo e eterno
ritual, se sabias
Que um dia terminaria, por que
começaste afinal?
Juro que ainda não compreendo e saibas
que me
Alimento das feridas que vou lambendo
e que só
Assim, só, vou sobrevivendo, mas não
querendo
Jamais, de forma alguma entender e
aceitar que
Topaste igualmente nos prejudicar, já
que ao me
Separar de ti quem mais amava perdi e
perdeste
Quem mais te amaria e que muito mais
pretendia!
Guriadapoesia Gaúcha
Quando as tardes se mascaram de noites
E enganam a saudade de ti
Na melancolia que me sufoca,
Luto por resistir à sensação de breu,
Que me invade a alma
E deixo-me vaguear pelo luar,
Que me traz cintilações de fascínio,
Como os teus olhos...
Mudam-se-me os pensamentos,
As minhas recordações revivem
Momentos passados,
Em que tu me incendiavas,
Com um simples olhar,
Desses teus belos olhos
E te entregavas numa doce volúpia,
Que nos deixava perdidos
Na escuridão que perfumava,
O espaço da nossa paixão,
Iluminado pela luz deslumbrante
Dos teus belos olhos...
Onde as noites se mascaravam de tardes
E enganavam as saudades,
Que eu viria a sentir de ti.
José Carlos Moutinho
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