terça-feira, 8 de maio de 2012

Os Nossos Poetas


Falar de amor
sem precisar
calar ...

Calar a dor
dentro em mim
sorrir ...

Sorrir um sonho
livre contigo
estar ...

Estar a dois
sentir você
enxergar ...

Enxergar e ver
sentir a mim
confessar ...

Confessar sem medo
o nunca mais
chorar ...

Kátia de Souza


Mar sempre Mar

De olhos postos na paisagem,
Desprendo a minha mão da tua
E percorro todo este areal extenso
Enquanto fixo no olhar
Uma clara imagem
deste manto de água imenso
que vem à areia espraiar…

Correndo descalça sobre ela,
salpico de azul, brilhos e espuma
O mundo todo em meu redor …
Uma brisa faz mover
Um barco perdido
Nessa longa estrada
de estilhaços de luz ardente
Onde o sol se deita
E a lua à noite se enfeita
Em rasgos de prata
Nesse espelho eterno,
pedaço de céu molhado
Que a mão do Criador
fez descer à Terra…

Debruço-me sobre a areia
Por entre os meus dedos molhados
escorrem fios de luar salgados
Deste mar tão cheio de beleza e cores
De mistérios e estranhos pavores

Dispo-me e mergulho nua
Neste Mar indomável, infinito e profundo
neste Mar meu que abraça o mundo
caminho de ondas que vão
Ondas que vêm e se desfazem
e vibro de volúpia e paixão
e o meu corpo ondula e rodopia
neste Mar espelho de água
neste Mar de mil nortadas
Que ao som das ondas aladas
Me conta histórias magoadas
De epopeias e aventura
de odisseias de bravura
De barcos afundados
E de sereias encantadas…

Á tona das tuas águas
Vejo-te colado ao céu, no horizonte
E sinto a tua imensidão
A tua eternidade … e suspiro
Mar de faróis altaneiros
Mar de brisas e nevoeiros
Mar de gaivotas errantes
Mar dos meus sonhos
Mar dos meus encantos
onde os meus olhos lassos
Repousam seus cansaços
Mar do meu fado
Mar que eu amo
Mar que eu quero abraçar

Mar que serás minha sepultura…

Fátima Veloso


À ESPERA

À espera que a chuva se intimide
À espera que o Sol me afague
À espera…de Ti!
À espera do aconchego
À espera do colo
À espera do mimo
À espera desse olhar
Que me faz caminhar,
Que me faz continuar
Em direção ao momento…
Momento pleno,
Momento brotante.
Utopia ou não…
Ingenuidade ou não…
Crença ou não …
Eternamente…
À espera!!

Tina Tinoco


PAIXÃO

Sinto-te vento aquietado,
quando em claras noites longas
chovem flores de amor inebriado,
idílios romanceados de loucura
em céu de anil, o corpo arrebatado.

Nessas noites esplendorosas
vestimos rostos de azul revigorado,
nas taças, vinho florido de rosas,
e nós bebendo o luar extasiado
em deboche e seivas amorosas.

Resgato o destino que emoldurei,
abro os gomos de um tempo a sós,
inalo o perfume da terra que toquei
e em teu peito suspira a minha voz
no leito revolto onde me acalentei.

Acordei pelos madrigais das aves
e o sol triunfante na minha janela.
A minha lira suavemente tocaste,
no alvor da branca madrugada
docemente minha pele desfolhaste.

As minhas mãos falam por mim,
pintam estas palavras só para ti.
No olhar, votos de vida em união
e no abraço que nos prende aqui,
abonamos razão à voz do coração.

Edite Pinheiro


PROMETESTE QUE VOLTAVAS

Prometido te deixaste em minhas mãos
Amaduradas pelo sentir das tuas
Prometeste que vinhas
Ainda o orvalho luzia sobre as flores
Espelhava cintilante brilho de luas
E todo sentir de ti nas mãos te tinhas
Como se as minhas mãos fossem as tuas

Prometeste que voltavas
Promessa escrita no fundo do teu olhar
Por dentro dos meus me confiavas
O que os teus não conseguiam calar
Eram como frutos maduros
Entre folhas verdes viçosas
Límpidos confiantes seguros
Perfumados como doces rosas
Numa pétala de verdades prometidas
De todos os roseirais e nas mariposas
Esvoaçando promessas consentidas
Por jardins proibidos
Como se as nossas mãos incontidas
Embrenhadas em profunda solidão
Fossem sonhos perdidos
Mas não

Não que os meus sonhos e os teus
Doidos insanos comovidos
Em preces de caminhos virtuosos e ateus
Façam parte dos nossos pedidos
Sejam a única razão de viver
Prometido tu não vieste
E eu sem saber o que fazer
Na promessa que não mantiveste
Senti por dentro morrer o alento
E sim… antes morrer do que viver
Antes mentir e não sentir
Prometer tudo do pensamento
Prometer nada do sentimento
Prometer e não querer
Cumprir

Ana Conceição Bernardo


Lágrimas de Ouro

O luar de prata deu lugar a uma aurora boreal linda !
Paleta de cores …
… prateada-dourada-alaranjada.
Fios de prata e de ouro atravessaram os bordados rendilhados das cortinas da minha janela.
Olhei o dia que despontava.
Surpreendi –me com a sua beleza.
Era tanta … Uma luz radiosa !
Percebi que a terra que nos acolhe e alimenta estava fresca e regada, pelo orvalho da madrugada.
O seu cheiro felino nessa hora, era a terra molhada.
A chuva, enquanto ela dormia, abençoou-a com as suas lágrimas de ouro.
Sente-se uma brisa fresca, comungando com um aroma a terra lavrada abençoada.
Sensação de paz, de bem-estar, de uma calma, que me agasalha a alma.
A profusão dos seus aromas, em comunhão com o do alecrim, do rosmaninho, do urze, do jasmim, e dos demais …e de todos os ninhos de passarinho … inebriam o meu olfato, encandeiam os meus olhos, avivam os meus sentidos, dão sentido bom à minha vida.
O galo acordou e cantou.
Dos sinos da torre soaram badaladas redobradas anunciando o novo dia.
Ouviu-se o toque d’Avé Maria, acompanhado pelo “ cantar “ suave e sereno de passos, a caminho da igreja.
Lá longe, pouco a pouco, começa a ouvir-se o “toc-toc” de um caminhar descompassado, balanceado pela música flauteante do pastor, em harmonia perfeita com a do retinir dos chocalhos daqueles belos “cobertores “ de lã, que querem chegar ao prado verdejante, apetecível, o mais depressa possível !
Finalmente o dia raiou.
Se levantou e se mostrou solarengo , radioso, cheirando a Primavera.
Escancarei a minha janela … pus os braços fora dela e senti um ar fresco perfumado
a erva-doce e alfazema.
Pressurosa , arranjei-me.
Sai sem relógio e sem perfume, porque hoje, quem me perfumou, foi a Beleza da Natureza !
O dia saudou-me feliz, tal como o padeiro, a leiteira e a lavadeira.
A pedra do rio, aquela lisinha e luzidia [conhecem-na (?!)], que todos os dias a espera, estava ansiosa por ser mimada de novo, por aquelas mãos enrugadas mas macias,mas tão calejadas e maltratadas, pela ingratidão da vida.
Até uma árvore com a sua raiz saliente, me saudou também, pois quase tropecei no seu cumprimento tão distraída ia com a felicidade por companhia.
O Sol inundou de luz e calor a aldeia e o seu sossego.
Cada vez mais no céu subia … a pique ficava … e reluzia !
Era já quase meio dia …
... de um dia lindo, maravilhoso, esplendoroso!
O improvisado relógio de sol colocado no meio do adro, assim o dizia.
Isto, toda a gente sentia.
Caminhei tanto por ruas estreitinhas , bem cheirosas e fresquinhas, que já cansada,
de uma pedra fiz um banco.
Sentei-me.
O tronco do chorão serviu-me de encosto.
Abri o meu livro.
Li com gosto.
Na última página estava escrito …

… És uma mulher feliz … viverás tudo o que quiseres viver !

Coloquei o marcador nesta página, e ficará nela, para o resto da minha vida !

Magá Figueiredo


Ser poeta é ser fingidor!

Dizem que ser poeta é ter um dom,
Outros falam que é ser fingidor,
O encanto em seu canto é muito bom
Para encantar suas flores com amor!

Muito mais que rimar dor com amor,
Ser poeta é fazer versos com prazer,
Sem perceber, há almas por nascer,
Sentimentos maltratados, só dor!

Achando natural a sua conquista,
Um amor verdadeiro então arrisca...
Perdê-lo por qualquer uma da lista!

Nem ao certo sabe ainda quem quer,
Seja ela quem for, caiu na sua isca,
Coitada dessa flor, a tal malmequer!

SOL Figueiredo


A PORTA DA ALMA ABERTA


O POETA PRECISA DO SOL. . .

QUE VEM CEDO E LHE DESPERTA
PRECISA DEIXAR NA SUA ALMA
SEMPRE UMA PORTA ABERTA

O POETA PRECISA DAS FLORES. . .

QUE DE BOTÕES/ ROMPEM EM PÉTALAS
PRECISA DEIXAR NA SUA ALMA
SEMPRE UMA PORTA ABERTA

O POETA PRECISA DO FAVO DE MEL. . .

DA DOÇURA DA GARAPA DA CANA
PRECISA DO MAPA QUE LEVE AO CÉU
PRA VER SE LÁ ENCONTRA QUEM AMA

O POETA SIMPLESMENTE PRECISA. . .

DA MORENA/ DA RUIVA/ DA LOIRA
AINDA QUE VIVAM INDECISAS
O POETA SIMPLESMENTE PRECISA

O POETA PRECISA DO SOL. . .

VALTER ARAUTO


"LUZ"

Acende a luz do amor
Na tua alma
Acende a luz do
Perdão
Da paz
Da alegria
E da caridade
No teu espirito
De forma a brilharem
Sempre as estrelas
Da esperança
Recorda sempre os
Momentos da tua vida
Os bons e menos bons
Das tuas lutas
Todos os dias
E abre-te á luz de Jesus
Pois ele é o único combustível
Capaz de manter Sempre acesa
A luz da tua fé
E da esperança
Segue sempre em fente
Confiante
Na certeza que Jesus te guia
Se acenderes a tua luz interior
Verás
Que nunca estás só
Nem tão pouco
Na escuridão!

Mila Lopes


ENCANTAMENTO

Nas tuas margens
Cresce a sombra rubra
Onde me abrigo
E deito.
E cresce nas margens
Do meu corpo
O desejo de te despir
E calar o grito
Dos teus ais noturnos.
Nada é mais terno
Nem mais intenso
Que o amor feito das palavras
Que nos damos.
E vivemos mastigando
Desejos e esperanças
No amanhã.
Que seja azul
Rosa e branco
Das cores com que se veste
A palavra encanto.

Paula Amaro





OUÇA-ME AGORA

Não precisas notificar em versos,
Que não me amas, não estragues
A minha hora de ser feliz!
Deixes eu sentir esse teu cheiro.
Que vem nos nevoeiros da paixão.
Deixes eu sentir essa minha ilusão.
Não estragues a minha hora de ser feliz!
Deixes eu fazer de ti, uma canção em mim.
Não estragues a minha hora de ser feliz!

Vanuza Couto Alves

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