Falar
de amor
sem
precisar
calar
...
Calar
a dor
dentro
em mim
sorrir
...
Sorrir
um sonho
livre
contigo
estar
...
Estar
a dois
sentir
você
enxergar
...
Enxergar
e ver
sentir
a mim
confessar
...
Confessar
sem medo
o
nunca mais
chorar
...
Kátia
de Souza
Mar
sempre Mar
De
olhos postos na paisagem,
Desprendo
a minha mão da tua
E
percorro todo este areal extenso
Enquanto
fixo no olhar
Uma
clara imagem
deste
manto de água imenso
que
vem à areia espraiar…
Correndo
descalça sobre ela,
salpico
de azul, brilhos e espuma
O
mundo todo em meu redor …
Uma
brisa faz mover
Um
barco perdido
Nessa
longa estrada
de
estilhaços de luz ardente
Onde
o sol se deita
E
a lua à noite se enfeita
Em
rasgos de prata
Nesse
espelho eterno,
pedaço
de céu molhado
Que
a mão do Criador
fez
descer à Terra…
Debruço-me
sobre a areia
Por
entre os meus dedos molhados
escorrem
fios de luar salgados
Deste
mar tão cheio de beleza e cores
De
mistérios e estranhos pavores
Dispo-me
e mergulho nua
Neste
Mar indomável, infinito e profundo
neste
Mar meu que abraça o mundo
caminho
de ondas que vão
Ondas
que vêm e se desfazem
e
vibro de volúpia e paixão
e
o meu corpo ondula e rodopia
neste
Mar espelho de água
neste
Mar de mil nortadas
Que
ao som das ondas aladas
Me
conta histórias magoadas
De
epopeias e aventura
de
odisseias de bravura
De
barcos afundados
E
de sereias encantadas…
Á
tona das tuas águas
Vejo-te
colado ao céu, no horizonte
E
sinto a tua imensidão
A
tua eternidade … e suspiro
Mar
de faróis altaneiros
Mar
de brisas e nevoeiros
Mar
de gaivotas errantes
Mar
dos meus sonhos
Mar
dos meus encantos
onde
os meus olhos lassos
Repousam
seus cansaços
Mar
do meu fado
Mar
que eu amo
Mar
que eu quero abraçar
Mar
que serás minha sepultura…
Fátima
Veloso
À
ESPERA
À
espera que a chuva se intimide
À
espera que o Sol me afague
À
espera…de Ti!
À
espera do aconchego
À
espera do colo
À
espera do mimo
À
espera desse olhar
Que
me faz caminhar,
Que
me faz continuar
Em
direção ao momento…
Momento
pleno,
Momento
brotante.
Utopia
ou não…
Ingenuidade
ou não…
Crença
ou não …
Eternamente…
À
espera!!
Tina
Tinoco
PAIXÃO
Sinto-te
vento aquietado,
quando
em claras noites longas
chovem
flores de amor inebriado,
idílios
romanceados de loucura
em
céu de anil, o corpo arrebatado.
Nessas
noites esplendorosas
vestimos
rostos de azul revigorado,
nas
taças, vinho florido de rosas,
e
nós bebendo o luar extasiado
em
deboche e seivas amorosas.
Resgato
o destino que emoldurei,
abro
os gomos de um tempo a sós,
inalo
o perfume da terra que toquei
e
em teu peito suspira a minha voz
no
leito revolto onde me acalentei.
Acordei
pelos madrigais das aves
e
o sol triunfante na minha janela.
A
minha lira suavemente tocaste,
no
alvor da branca madrugada
docemente
minha pele desfolhaste.
As
minhas mãos falam por mim,
pintam
estas palavras só para ti.
No
olhar, votos de vida em união
e
no abraço que nos prende aqui,
abonamos
razão à voz do coração.
Edite
Pinheiro
PROMETESTE
QUE VOLTAVAS
Prometido
te deixaste em minhas mãos
Amaduradas
pelo sentir das tuas
Prometeste
que vinhas
Ainda
o orvalho luzia sobre as flores
Espelhava
cintilante brilho de luas
E
todo sentir de ti nas mãos te tinhas
Como
se as minhas mãos fossem as tuas
Prometeste
que voltavas
Promessa
escrita no fundo do teu olhar
Por
dentro dos meus me confiavas
O
que os teus não conseguiam calar
Eram
como frutos maduros
Entre
folhas verdes viçosas
Límpidos
confiantes seguros
Perfumados
como doces rosas
Numa
pétala de verdades prometidas
De
todos os roseirais e nas mariposas
Esvoaçando
promessas consentidas
Por
jardins proibidos
Como
se as nossas mãos incontidas
Embrenhadas
em profunda solidão
Fossem
sonhos perdidos
Mas
não
Não
que os meus sonhos e os teus
Doidos
insanos comovidos
Em
preces de caminhos virtuosos e ateus
Façam
parte dos nossos pedidos
Sejam
a única razão de viver
Prometido
tu não vieste
E
eu sem saber o que fazer
Na
promessa que não mantiveste
Senti
por dentro morrer o alento
E
sim… antes morrer do que viver
Antes
mentir e não sentir
Prometer
tudo do pensamento
Prometer
nada do sentimento
Prometer
e não querer
Cumprir
Ana
Conceição Bernardo
Lágrimas
de Ouro
O
luar de prata deu lugar a uma aurora boreal linda !
Paleta
de cores …
…
prateada-dourada-alaranjada.
Fios
de prata e de ouro atravessaram os bordados rendilhados das cortinas da minha
janela.
Olhei
o dia que despontava.
Surpreendi
–me com a sua beleza.
Era
tanta … Uma luz radiosa !
Percebi
que a terra que nos acolhe e alimenta estava fresca e regada, pelo orvalho da
madrugada.
O
seu cheiro felino nessa hora, era a terra molhada.
A
chuva, enquanto ela dormia, abençoou-a com as suas lágrimas de ouro.
Sente-se
uma brisa fresca, comungando com um aroma a terra lavrada abençoada.
Sensação
de paz, de bem-estar, de uma calma, que me agasalha a alma.
A
profusão dos seus aromas, em comunhão com o do alecrim, do rosmaninho, do urze,
do jasmim, e dos demais …e de todos os ninhos de passarinho … inebriam o meu
olfato, encandeiam os meus olhos, avivam os meus sentidos, dão sentido bom à
minha vida.
O
galo acordou e cantou.
Dos
sinos da torre soaram badaladas redobradas anunciando o novo dia.
Ouviu-se
o toque d’Avé Maria, acompanhado pelo “ cantar “ suave e sereno de passos, a
caminho da igreja.
Lá
longe, pouco a pouco, começa a ouvir-se o “toc-toc” de um caminhar
descompassado, balanceado pela música flauteante do pastor, em harmonia
perfeita com a do retinir dos chocalhos daqueles belos “cobertores “ de lã, que
querem chegar ao prado verdejante, apetecível, o mais depressa possível !
Finalmente
o dia raiou.
Se
levantou e se mostrou solarengo , radioso, cheirando a Primavera.
Escancarei
a minha janela … pus os braços fora dela e senti um ar fresco perfumado
a
erva-doce e alfazema.
Pressurosa
, arranjei-me.
Sai
sem relógio e sem perfume, porque hoje, quem me perfumou, foi a Beleza da
Natureza !
O
dia saudou-me feliz, tal como o padeiro, a leiteira e a lavadeira.
A
pedra do rio, aquela lisinha e luzidia [conhecem-na (?!)], que todos os dias a
espera, estava ansiosa por ser mimada de novo, por aquelas mãos enrugadas mas
macias,mas tão calejadas e maltratadas, pela ingratidão da vida.
Até
uma árvore com a sua raiz saliente, me saudou também, pois quase tropecei no
seu cumprimento tão distraída ia com a felicidade por companhia.
O
Sol inundou de luz e calor a aldeia e o seu sossego.
Cada
vez mais no céu subia … a pique ficava … e reluzia !
Era
já quase meio dia …
...
de um dia lindo, maravilhoso, esplendoroso!
O
improvisado relógio de sol colocado no meio do adro, assim o dizia.
Isto,
toda a gente sentia.
Caminhei
tanto por ruas estreitinhas , bem cheirosas e fresquinhas, que já cansada,
de
uma pedra fiz um banco.
Sentei-me.
O
tronco do chorão serviu-me de encosto.
Abri
o meu livro.
Li
com gosto.
Na
última página estava escrito …
…
És uma mulher feliz … viverás tudo o que quiseres viver !
Coloquei
o marcador nesta página, e ficará nela, para o resto da minha vida !
Magá
Figueiredo
Ser
poeta é ser fingidor!
Dizem
que ser poeta é ter um dom,
Outros
falam que é ser fingidor,
O
encanto em seu canto é muito bom
Para
encantar suas flores com amor!
Muito
mais que rimar dor com amor,
Ser
poeta é fazer versos com prazer,
Sem
perceber, há almas por nascer,
Sentimentos
maltratados, só dor!
Achando
natural a sua conquista,
Um
amor verdadeiro então arrisca...
Perdê-lo
por qualquer uma da lista!
Nem
ao certo sabe ainda quem quer,
Seja
ela quem for, caiu na sua isca,
Coitada
dessa flor, a tal malmequer!
SOL
Figueiredo
A
PORTA DA ALMA ABERTA
O
POETA PRECISA DO SOL. . .
QUE
VEM CEDO E LHE DESPERTA
PRECISA
DEIXAR NA SUA ALMA
SEMPRE
UMA PORTA ABERTA
O
POETA PRECISA DAS FLORES. . .
QUE
DE BOTÕES/ ROMPEM EM PÉTALAS
PRECISA
DEIXAR NA SUA ALMA
SEMPRE
UMA PORTA ABERTA
O
POETA PRECISA DO FAVO DE MEL. . .
DA
DOÇURA DA GARAPA DA CANA
PRECISA
DO MAPA QUE LEVE AO CÉU
PRA
VER SE LÁ ENCONTRA QUEM AMA
O
POETA SIMPLESMENTE PRECISA. . .
DA
MORENA/ DA RUIVA/ DA LOIRA
AINDA
QUE VIVAM INDECISAS
O
POETA SIMPLESMENTE PRECISA
O
POETA PRECISA DO SOL. . .
VALTER
ARAUTO
"LUZ"
Acende
a luz do amor
Na
tua alma
Acende
a luz do
Perdão
Da
paz
Da
alegria
E
da caridade
No
teu espirito
De
forma a brilharem
Sempre
as estrelas
Da
esperança
Recorda
sempre os
Momentos
da tua vida
Os
bons e menos bons
Das
tuas lutas
Todos
os dias
E
abre-te á luz de Jesus
Pois
ele é o único combustível
Capaz
de manter Sempre acesa
A
luz da tua fé
E
da esperança
Segue
sempre em fente
Confiante
Na
certeza que Jesus te guia
Se
acenderes a tua luz interior
Verás
Que
nunca estás só
Nem
tão pouco
Na
escuridão!
Mila
Lopes
ENCANTAMENTO
Nas
tuas margens
Cresce
a sombra rubra
Onde
me abrigo
E
deito.
E
cresce nas margens
Do
meu corpo
O
desejo de te despir
E
calar o grito
Dos
teus ais noturnos.
Nada
é mais terno
Nem
mais intenso
Que
o amor feito das palavras
Que
nos damos.
E
vivemos mastigando
Desejos
e esperanças
No
amanhã.
Que
seja azul
Rosa
e branco
Das
cores com que se veste
A
palavra encanto.
Paula
Amaro
OUÇA-ME
AGORA
Não
precisas notificar em versos,
Que
não me amas, não estragues
A
minha hora de ser feliz!
Deixes
eu sentir esse teu cheiro.
Que
vem nos nevoeiros da paixão.
Deixes
eu sentir essa minha ilusão.
Não
estragues a minha hora de ser feliz!
Deixes
eu fazer de ti, uma canção em mim.
Não
estragues a minha hora de ser feliz!
Vanuza Couto Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário