Varanda do teu olhar..
Vestida de vestido longo e branco,
de rasgado decote,
sentaste-te, naquele dia, de primavera,
à mesma hora,
naquela varanda de madeira,
entreolhando todas as árvores do jardim,
com aqueles teus grandes olhos verdes,
húmidos, esbugalhados,
olhando tudo, com minúcia,
não viesse ele da encruzilhada,
a qualquer hora,
sem que tu o visses regressar.
Teu olhar feria o sol intenso
e iluminava o caminho que percorrias,
sem descanso, para o veres chegar...
Tua alma, inquieta e amargurada,
esperava o fim de tanta e sofrida
saudade!....
- Surgiste, então, tu, cavaleiro andante,
com o peito queimando em dor e ansiedade,
e entraste pela porta, sem ela te ver.
Soltaste, no ar, a pomba branca
que vos foi dada e criada
com os grãos do trigo do vosso amor... ...
e perderam-se num profundo abraço
e beijos de saudade,
sentindo o céu derramar sobre vós
o orvalho da vossa enorme felicidade.
- Aquietou-se, então,
aos poucos teu coração despedaçado.
Caiu, como o pôr-do-sol, a tua ansiedade.
Ergueu-se de novo a tua eterna esperança
de não mais esvaires daquela varanda
esse teu etéreo olhar envolto em
saudade!...
Acácio Costa
Sou gente...Igual a todos
E de todos, sou diferente
Sou mulher, vestida de poeta
Sou ave, com asas de papel
Sou criança que brinca...Indiferente
E de todos, sou igual
Sou alma de gente...Contente
Sou quem chora...Sou quem ri...Sou quem cai...E se levanta
Sou farrapo, de cetim
Sou gente
Igual a toda a gente
Que compra, vende e dá
Por momentos, ou para sempre
Sou gente...Gente igual
Mas diferente, de gente
Que por ser gente...
Tem medo...Do que sente
Vergonha de errar...E ser julgado
Viver isolado, por inteiro... Castrado...
Ser gente...Igual a toda a gente,
É ter cá dentro do peito alguém
Que fala por nós...
Ser poeta, é ser...Igual a todos vós!
Mel Almeida
acorda-me
acorda-me..
suavemente... em beijos de insónia
tortura-me o sono em caricias de vigília
não quero dormir
sem te sentir a meu lado.enxota meus sonhos
realiza fantasia
pálpebras cerradas escondem olhar aberto
fixado em ti
ávida noite.danças abismais.perfume incerto
solta tua voz.queima a escuridão
espalha o luar
deposita teu som em minha olfactiva pele
anuncia-te-me
invoca-me os prazeres adormecidos
exigente hipnose
esmaga-me
em despertares alucinados
fica-te em mim
desenha-me formas no abstracto da madrugada
rubros corpos
até ao embelezar da alvorada..
Ana Silvestre
acorda-me..
suavemente... em beijos de insónia
tortura-me o sono em caricias de vigília
não quero dormir
sem te sentir a meu lado.enxota meus sonhos
realiza fantasia
pálpebras cerradas escondem olhar aberto
fixado em ti
ávida noite.danças abismais.perfume incerto
solta tua voz.queima a escuridão
espalha o luar
deposita teu som em minha olfactiva pele
anuncia-te-me
invoca-me os prazeres adormecidos
exigente hipnose
esmaga-me
em despertares alucinados
fica-te em mim
desenha-me formas no abstracto da madrugada
rubros corpos
até ao embelezar da alvorada..
Ana Silvestre
LÊ-ME…
Repara neste poema
inundado de orvalho
e de marés fugidias
por entre mares esfumados.
Repara nos frutos maduros
pendurados no meu verdejante olhar,
nos sussurros desenfreados
do perfume misterioso
ávido de trilhos,
na embriagada seiva
que procura poesia no teu corpo
e na encruzilhada louca dos sentidos.
Repara… há um cheiro a verde-mar
no espraiar do meu areal,
há um anel planetário,
uma via-láctea,
um cacho de algas para lá do infinito,
uma gaivota,
a vela dum navio
e um casal de golfinhos.
Há uma estrela-do-mar,
uma pedra boleada pelas ondas,
o entardecer por entre brisas
e dois corpos mareantes.
Repara nos meus olhos rasos de vento
e nas pedras murmuradoras,
elas chamam-te …
querem-te parte destes versos.
© Francisco Valverde Arsénio
Repara neste poema
inundado de orvalho
e de marés fugidias
por entre mares esfumados.
Repara nos frutos maduros
pendurados no meu verdejante olhar,
nos sussurros desenfreados
do perfume misterioso
ávido de trilhos,
na embriagada seiva
que procura poesia no teu corpo
e na encruzilhada louca dos sentidos.
Repara… há um cheiro a verde-mar
no espraiar do meu areal,
há um anel planetário,
uma via-láctea,
um cacho de algas para lá do infinito,
uma gaivota,
a vela dum navio
e um casal de golfinhos.
Há uma estrela-do-mar,
uma pedra boleada pelas ondas,
o entardecer por entre brisas
e dois corpos mareantes.
Repara nos meus olhos rasos de vento
e nas pedras murmuradoras,
elas chamam-te …
querem-te parte destes versos.
© Francisco Valverde Arsénio
Imprecisão
Ah, coração,
machucas tanto!
Feres a alma coração,
dizendo sim quando
seria o não.
E vens novamente,
hoje, tudo maravilhoso,
amanhã, amanhã
começas tudo de novo.
Já não suporto tanta
incerteza, tanta indecisão,
me queres, ou não?
Não quero mais viver imprecisão!
Marta Peres
Ah, coração,
machucas tanto!
Feres a alma coração,
dizendo sim quando
seria o não.
E vens novamente,
hoje, tudo maravilhoso,
amanhã, amanhã
começas tudo de novo.
Já não suporto tanta
incerteza, tanta indecisão,
me queres, ou não?
Não quero mais viver imprecisão!
Marta Peres
TERRA
Em ti semeio, a cada estação,
os meus desejos, na esperança
de ser correspondido.
Na maior parte das vezes,
insistes em surpreender-me
e fazes-me gozar o espanto
duma nova e ardente relação.
É gentil da tua parte, porque ambos
a sabemos bem madura.
Gosto de pôr as mãos em ti
e de te afagar o corpo todo
porque sempre sou correspondido.
Basta-me fechar os olhos e consigo
adivinhar o teu perfume intenso
quando o céu se rasga
em cada chuvada de agosto.
Um dia destes, sempre enamorado,
deitar-me-ei a sós contigo.
Daremos um forte abraço
e fundir-nos-emos os dois
até ao final dos séculos.
Aníbal Raposo
Em ti semeio, a cada estação,
os meus desejos, na esperança
de ser correspondido.
Na maior parte das vezes,
insistes em surpreender-me
e fazes-me gozar o espanto
duma nova e ardente relação.
É gentil da tua parte, porque ambos
a sabemos bem madura.
Gosto de pôr as mãos em ti
e de te afagar o corpo todo
porque sempre sou correspondido.
Basta-me fechar os olhos e consigo
adivinhar o teu perfume intenso
quando o céu se rasga
em cada chuvada de agosto.
Um dia destes, sempre enamorado,
deitar-me-ei a sós contigo.
Daremos um forte abraço
e fundir-nos-emos os dois
até ao final dos séculos.
Aníbal Raposo
Amanheço
Sonolenta
busco seu toque,
seu cheiro,
seu beijo,
te busco,
em minha cama vazia
testemunha da tua ausência
volto para os meus sonhos
nele você está
inteiro,
intenso,
voraz,
e neles meu corpo desperta
sedento,
faminto,
ardente,
Ah, que vontade de você!
Enice de Faria
Sonolenta
busco seu toque,
seu cheiro,
seu beijo,
te busco,
em minha cama vazia
testemunha da tua ausência
volto para os meus sonhos
nele você está
inteiro,
intenso,
voraz,
e neles meu corpo desperta
sedento,
faminto,
ardente,
Ah, que vontade de você!
Enice de Faria
Ai este País de Abril, esta Abrilada,
este nome Portugal, e o passado
que persiste em nos lembrar
a glória que tivemos, que não temos,
que aos poucos se fez nada,
e o nada vai ficando a que cuidado?
Meu País de Abril, de verde- mar,
Minha fé perdida de vencermos.
E o Abril fez-se Maio e floriu.
Foi a Primavera da festa deste povo.
Foi o grito que, fechado se soltou.
Foi um tempo que é saudade.
O Maio passou e ninguém viu
outra Primavera vir de novo.
O grito não teve eco e de novo voltou
ao coração das gentes de verdade,
a mágoa do passado e a esp’rança
de viver o Abril do povo.
Paula Amaro
Tempos idos…
As lembranças reabrem-se,
E acordam as feridas…
Sentem os sonhos do passado…
Sofrem as ilusões, por momentos,
Em delírios abafados, desfraldam-me o peito…
A alma desfalece-me,
Deserta e ansiosa, por outros tempos.
Por instantes, a vida deixa de acontecer…
Desfeita e húmida.
Os sentimentos, que albergava,
Desfalecem… diluem-se, no tempo,
Por entre os dedos em desassossego.
Acorrentada, procuro-me a onde fui feliz…
Mas o tempo envelheceu e ficou longe…esqueci o caminho,
O horizonte…talvez os sonhos cessem e eu esqueça…
Amo em silêncio…rasgo beijos, serenos sem prazo,
Em sopros de vento…à distância …
De uma viagem, de um campo
E de um céu aberto,
De um suspiro…perdido no tempo,
Chamo por ti…hoje e constantemente.
Telma Estêvão
As lembranças reabrem-se,
E acordam as feridas…
Sentem os sonhos do passado…
Sofrem as ilusões, por momentos,
Em delírios abafados, desfraldam-me o peito…
A alma desfalece-me,
Deserta e ansiosa, por outros tempos.
Por instantes, a vida deixa de acontecer…
Desfeita e húmida.
Os sentimentos, que albergava,
Desfalecem… diluem-se, no tempo,
Por entre os dedos em desassossego.
Acorrentada, procuro-me a onde fui feliz…
Mas o tempo envelheceu e ficou longe…esqueci o caminho,
O horizonte…talvez os sonhos cessem e eu esqueça…
Amo em silêncio…rasgo beijos, serenos sem prazo,
Em sopros de vento…à distância …
De uma viagem, de um campo
E de um céu aberto,
De um suspiro…perdido no tempo,
Chamo por ti…hoje e constantemente.
Telma Estêvão
Livro da
Vida
O vento,
sem minha permissão,
virou a página do livro que eu lia despreocupada,
entretida,
querendo esquecer a vida !
Por companhia,
tinha só a luz do dia.
Só ela me via
Só ela me falava
Só ela me abraçava e aquecia.
Luz brilhante,
que em nada se parecia com o que eu pensava e lia;
porque esse dia,
era dia de amor … só de fantasia ;
amor presente não havia.
Aborrecido comigo,
tinha … ‘ fugido ‘ !
As horas passaram.
A consciência, a meio do dia acordou,
e o amor calmo voltou.
Tranquilo,
Bem humorado,
Charmoso e engraçado.
Belo ramo de rosas pousou no meu regaço
Mais aquele beijo
Mais aquele abraço !
Magá Figueiredo
O vento,
sem minha permissão,
virou a página do livro que eu lia despreocupada,
entretida,
querendo esquecer a vida !
Por companhia,
tinha só a luz do dia.
Só ela me via
Só ela me falava
Só ela me abraçava e aquecia.
Luz brilhante,
que em nada se parecia com o que eu pensava e lia;
porque esse dia,
era dia de amor … só de fantasia ;
amor presente não havia.
Aborrecido comigo,
tinha … ‘ fugido ‘ !
As horas passaram.
A consciência, a meio do dia acordou,
e o amor calmo voltou.
Tranquilo,
Bem humorado,
Charmoso e engraçado.
Belo ramo de rosas pousou no meu regaço
Mais aquele beijo
Mais aquele abraço !
Magá Figueiredo
As mãos são...
As mãos são verdadeiras relíquias
São lindas flores que teu corpo embelezam
São uma obra de arte e sinceras amigas
Com trabalho te dão o pão e encantam.
Há mãos calejadas de tanto trabalhar
No campo e em tantas outras profissões
Mas as mãos são também para amar
Devemos valorizá-las como bênçãos.
Mas há mãos que são tão distintas
Tratadas como verdadeiras princesas
Cantam com alma como os fadistas
Que afagam mágoas e muitas tristezas.
Todas as mãos são importantes
Quer seja de pessoa rica ou pobre
Porque tem magia e são falantes
De uma vida que tentou ser nobre.
Tuas mãos são carícias com sabor a mar
Perfumadas no meu corpo são mágicas
De mãos dadas contigo quero estar
Ouvindo músicas lindas e melódicas.
Tuas mãos suaves ...meu amor
Fazem-me sonhar e posso voar
Partilham emoções com fervor
No meu corpo gosto de vê-las falar!
Bernardina Pinto
As mãos são verdadeiras relíquias
São lindas flores que teu corpo embelezam
São uma obra de arte e sinceras amigas
Com trabalho te dão o pão e encantam.
Há mãos calejadas de tanto trabalhar
No campo e em tantas outras profissões
Mas as mãos são também para amar
Devemos valorizá-las como bênçãos.
Mas há mãos que são tão distintas
Tratadas como verdadeiras princesas
Cantam com alma como os fadistas
Que afagam mágoas e muitas tristezas.
Todas as mãos são importantes
Quer seja de pessoa rica ou pobre
Porque tem magia e são falantes
De uma vida que tentou ser nobre.
Tuas mãos são carícias com sabor a mar
Perfumadas no meu corpo são mágicas
De mãos dadas contigo quero estar
Ouvindo músicas lindas e melódicas.
Tuas mãos suaves ...meu amor
Fazem-me sonhar e posso voar
Partilham emoções com fervor
No meu corpo gosto de vê-las falar!
Bernardina Pinto
Aguaceiro
Caiu um aguaceiro dos meus olhos
No dia que a morena foi embora,
Tristeza eu colhi em tantos molhos,
Meu peito foi sozinho e chora, chora...
Saudade é como um trem desgovernado
Não deixa mais a gente nem dormir,
Lembrando do seu beijo tão molhado,
Perdão, morena, agora, vou pedir...
Eu sei quanto que errei; morena linda,
Fiz tanta bobageira pela vida...
Meu coração, morena, é seu ainda,
Sem você, minha estrada vai perdida...
Não deixe que a saudade matadeira
Acabe com paixão tão verdadeira!
MARCOS LOURES
Caiu um aguaceiro dos meus olhos
No dia que a morena foi embora,
Tristeza eu colhi em tantos molhos,
Meu peito foi sozinho e chora, chora...
Saudade é como um trem desgovernado
Não deixa mais a gente nem dormir,
Lembrando do seu beijo tão molhado,
Perdão, morena, agora, vou pedir...
Eu sei quanto que errei; morena linda,
Fiz tanta bobageira pela vida...
Meu coração, morena, é seu ainda,
Sem você, minha estrada vai perdida...
Não deixe que a saudade matadeira
Acabe com paixão tão verdadeira!
MARCOS LOURES
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