sexta-feira, 2 de março de 2012

Os Nossos Poetas


"Reino Encantado"

Vivo em um reino de fantasia
Entre gnomos, duendes e poesias
Onde a alegria rege a soberba
E o impossível se faz melodia

Que é cantado pelos silfos voadores
E também pelas sereias e seus amores
As salamandras atendem todo o rogo
Seres do fogo comandantes desse jogo

Os nobres elfos cuidam de toda natureza
Junto às fadas com sua delicadeza
Olho de Hórus vigiando lá da torre
E o grande Merlin e Zaratrusta são os mentores

Tanta magia que é regida pelo equilíbrio
Tantos olores vêm dos jardins dos lírios
Nos campos a vida surge a todo o momento
Germinando sementes espalhadas pelos ventos

Assisto tudo enlaçado a minha amada
Olhando a lua até a alta madrugada
Tantas belezas que até parece um sonho
Um reino mágico que nunca será enfadonho

Jonas R. Sanches


Entrepalavras

Segui o trilho das tuas metáforas e uma cascata de símbolos franqueou-me as portas dos significantes. Árvores de palavras, folhas embalando versos, sonetos cantando em altos ramos, odes de flores a deuses desconhecidos e tapetes verdejantes de melancólicas elegias guiaram-me a um jardim em que dormiam, na mais tranquila desordem, letras multicores vigiadas por pleonásticas e sussurrantes frases. Uma brisa de hipérboles trouxe até mim um acrónimo por decifrar e um paradoxal rumor de consoantes mudas agitou os verbos, orgulhosos das suas formas temporais. Em discreto adjectivo te metamorfoseaste, estendendo-me os braços por entre oceânicas vagas de profusa pontuação, e em substantivo beijo me ofereceste o mais belo dos poemas quando, em apenas dois dissílabos, me murmuraste: «Minha vida!»

© Rita Pais 2012


Sombra

Obséquio meu pensamento
Um esmiuçar confuso,
Um caminhar vivo
Livre a sonhar.

Uma mancha na claridade
Me afronta em revés,
Um ápice devaneio
Em sombra persegue.

Lutar é inútil
Que venha na vez,
Enfrentar é um talvez
És quem sabe ilusão!

Ilusão não contamina
Este pensar que desatina,
Pois que é o raiar de sol
O poente vermelho no arrebol.

Clareia à luz o equívoco
Mistura perplexa desordenada,
Deixa solto o juízo
Na abstrata vertigem.

Rosiane Ceolin -29/02/12


Vibrei

Deitada na rede
Vejo a lua se despi
De todo poder da noite
Dispo também minha alma
Da saudade
Dos desejos
Desejos e desejos...

Uma vontade louca de sorri
No balançar da rede
Balança também meu corpo
Cansado de desejar
Cansado de te amar
Ama, ama...

Num momento me fez tua
Fez viver as emoções
Fez-me mulher
Amada
Realizada...

Num momento fui tudo
Fui um barco em alto mar
Fui uma estrela sem guia
Perdi-me em confusão
Transportei-me além do eu
Despertei...

Trazendo meu corpo de volta
Deixei de viver nos sonhos
Deixei de ser criança
Permiti-me ser mulher vibre, vibrei...

DE IRÁ RODRIGUES


UMA ASA PERDIDA

Se por acaso, só por acaso, encontrarem por aí, uma asa,
imaculadamente branca,
perfumada de rosas e alecrim,
agradeço que ma devolvam.
É minha e posso prová-lo.
Perdi-a um dia destes, 
em que as saudades da Primavera me apoquentavam
e eu resolvi procurá-la, num dia, de céu azul…
Perdi-a!
Faz-me falta, a minha asa!
Há dias que não consigo voar
E sem voar,
não consigo sonhar
e quando não sonho, não escrevo…
Se por acaso, só por acaso, 
encontrarem uma asa
perdida em algum caminho florido, 
ou mergulhada no azul do mar,
agradeço que ma devolvam.
Sem ela, não consigo ser eu
e quando não sou eu,
Não consigo voar…

Ana Fonseca luz





Amotinação 

Rasgam-se-me as vestes pobres
Retalha-se a minha triste alma
Aperta-se meu franzino coração
Atrofia-se meu pensamento nobre
Esvai-se o entendimento a calma
Meu corpo arde em amotinação...

Revolta que meus olhos choram 
Que já não olham tão claramente
O dia é escuridão é alta paliçada 
Nus pensamentos que me voltam
A desviar meu norte continuamente
Nesta canção de letra desgraçada...

Minha cabeça declina neste tocar
Alinhavado em palavras desfasadas
Numa melodia feita em tons de medos
Desnudado e descalço de encantar...
Já não sei minhas justas coordenadas
Fico angustiado em meus segredos... 

Degredos em terra minha
Desenhados no trinar destes desejos
Num dedilhar de alma sozinha
E um coração órfão de abraços e beijos!...


In”testemunhos2011-2”
José Rodrigues (zeal)
HÁ DIAS ASSIM...ZEAL



Um comentário:

  1. Lisonjeado por ter meu poema aqui no Solae de Poetas... Muito obrigado e um excelente final de semana!!

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