sexta-feira, 31 de maio de 2013

José Rodrigues Zeal


Celeste Fontana

DIVERSA

Sou lunar, sou solar
sou a nuvem transparente, sou pedra escondida
sou o vinho escarlate, da água sou perfume
sou a calma do lago, sou o mar enfurecido

sou o fogo que arde, sou o frio do ocaso
sou o negro da angústia, sou azul da alegria
sou o sonho que doura , sou razão afligida
sou o vôo da águia, o pouso da andorinha

sou ida, sou volta
sou estrela, escuridão
sou plenitude e vazio
sou ninho, sou distância
sou abandono, sou abrigo...

sou a luz que reverdece,
sou crepúsculo no céu

sou flor, sou capim
sou porto, sou passagem
sou caminho, sou fim
sou terra,
sou etérea

sou de maio...

São Reis

Não é dor aquilo que sinto
É vergonha de ter desistido
Não são rugas aquilo que vês
são estradas que deixei de percorrer

Não são os anos que me encurvam
mas o peso da vida que não soube digerir
enquanto pude
enquanto a alma ainda me sobrava
para tanto que deixei de fazer

Será que ainda vou em tempo de resgatar
o meu sorriso?

Vanuza Couto Alves

TEM GENTE

Que já nasce
Um presente
Para a gente.
Tem gente
Que a gente
Sente, na alma,
Nos poros e no
Coração..
Tem gente
Que a gente
Sente nas
Suas revelações,
A partir de um
Olhar penetrante,
Que nos diz tudo
E nada esconde.

Tem gente
Que a gente
Não precisa
Guardar, no
Lado esquerdo
Do peito, porque
Ninguém leva
Esse bem da gente ,
Tem gente que
Faz a diferença, no
Coração da gente...
Como se fossemos
Uma mesma existência..
Tem gente que nunca
Nos interroga, apenas
Nos entende...
Tem gente que sorrir
Os nossos sorrisos,
E que chora as nossas
Lágrimas...
Por isso tem gente
Que nunca sai,
Do coração da gente,
Nem nas tempestades.
Tem gente que
Nos invade de AMOR!

Celeste Leite

SINTONIA DE DOIS CORAÇÕES

Estamos com os pensamentos ligados.
Desejamos viver na intensidade de nos descobrir-mos.
Reconhecer que só solidão não existe
E temos vontade de voltar à realidade sorrindo.
O nosso prosseguimento é múltiplo.
Ficaremos olhando-nos nos olhos sentindo o desejo,
E eu de te beijar essa boca, ai... como anseio,
No prazer de sentir-te renascer no meu corpo.
Hoje serei eu, única e autentica no amor.
Embalar-te-ei até ao último sopro,
Entre os meus braços com toda a ternura,
Sorvendo o teu cheiro na essência da tua candura.
Rasgarei meu silencio com palavras de logro,
Agasalhando-te no calor do meu corpo.
Será sim um belo momento de loucura, amor.
Deslizar por teu corpo sentindo o teu calor.
Que o pensamento se liberte entre mim e ti,
Na profundidade da nossa alma e mente.
Aconchegados, num só finalmente,
Nossas vidas seguiram então um só caminho.
Nesta vida junto a mim, nunca mais caminharás sozinho.

Aurora Maria Martins

SORRISO É ALEGRIA

Alguém...um dia me disse muito bem disposto
Quero ver....um sorriso de alegria no teu rosto.
Por favor sorri à vida........mas sorri com gosto
Pois é a linguagem mais expressiva eu aposto.

Esse alguém..... sabia realmente o que dizia
Nada mais lindo... que um sorriso de alegria
Um sorriso.......é um cartão de visita especial
Que se oferece....... a qualquer pessoa afinal.

Um sorriso....é um libertador de muita emoção
Emoção que esteve bem retida no meu coração
Esperando uma oportunidade.... para se libertar
E pela alma...... expontaneamente se manifestar

Assim...decidi o meu sorriso sempre mostrar
Vou oferecer mil sorrisos........... sem hesitar
E se alguém.... o seu sorriso me quiser negar
Oferecer-lhe-ei o meu... e fá-lo-ei assim recuar

Sol Figueiredo

MEU AMOR, MEU AMADO

Amigo meu, meu amado já antigo...
Contigo, eu quero viver e morrer
De tanto te amar, amor de meu ser...
E quando chegas, amor, eu te sigo...

O amor não tem que se acabar, amigo
Até o fim da vida, vou te querer...
E vou te amar pra sempre, ó meu viver...
Nem consigo mais sem te ter comigo...

Amor imenso e tão inesgotável,
Amor intenso, quão imensurável,
Meu cais, meu porto seguro e abrigo...

A razão de todos meus ais, castigo...
E paixão igual? Não, jamais! Nem penso...
Coração dói a tal dor do amor, não venço!

Alda Melro

Filhos da vida

Bom dia vida!
Pintura sobre o mundo
Tela de aguarela
Sonho de amor profundo
Respiro teu ar, procuro teus filhos
Em cantos abjetos
Prisioneiros sem acordo
Vivendo como insetos
Liberta correntes
Solta gritos de raiva
Caem escadas das torres do inferno
Vida que és vida
Despeja sobre o mundo teu olhar fraterno
Rios de tinta pintem
Sobre a relva fresca, cores de alma exaltadas
Liberdade onde foi que te escondeste
Porque pereces calada
Ah…pobre vida enjeitada…
Onde largaste teus filhos vida aprisionada!

Jorge Morais


todas as mulheres 
deveriam ser
constantes metamorfoses
como cobras 
símbolos pecaminosos
rejuvenescendo
pele e alma
dada a beleza
que transportam
como cortiços
se auto-produzindo
exteriormente
para que o envelhecimento
assim se tardasse
sua perfeição efémera
deveria se manter
cuja imaginação
nos faz voar
em leves asas libélulas 

Gil Ordonio


Hibernando

Eu tenho na alma uma grande tristeza
Nela repousa uma enorme mágoa
É isso que me tem dado a certeza
Que toda minha dor, só na alma deságua

E nessa tristeza em que me vejo
Percebo que esse é o pior jeito
De querer sufocar os meus desejos
Que parecem explodir dentro do peito

Eu sei que é perdido lamentar
A dor da perca de um grande amor
Mas eu sinto que tudo quanto eu falar
Amenizará também um pouco a minha dor

Muitos são os que se unem com jurar eternas
Mas estas, com o tempo começam a perecer
Porém a minha alma até hoje hiberna
Só esperando finalmente ter de volta você

E enquanto esse dia pra mim não chega
A minha tristeza só tende a crescer
E tudo porque a minha alma só deseja
Nos seus braços pra sempre adormecer

Auber Fioravante Júniot

Versos Perfumados de Outono
Auber Fioravante Júnior

Sob o jardim, o sol já se dá em seu tom maior
Estreitando ainda mais o orvalho sobre as pétalas
Da noite que se foi deixando saudade,
Versos que de se desprendem das flores
Em alforria floral!

Na mesa, pena, papel e tinteiro
Aguardam dos raios, um caminho para trilhar,
Pintar de poesia a tela vazia...
Vozes ao silêncio!

Lá fora, tudo voa tudo se faz quimera
Por avessos tatuados pela solitude,
Quase etéreas em suas palavras nuas,
Quase silenciosas em reversos tônicos!

Acesa está à chama brilhando, dançando
Com a musicalidade dos ventos que adentram,
Trazem da cidade argumentos, vidas secas,
Lágrimas para olhos, salina para os canteiros!

Da vitrola emana o som do vinil
Acordes de um passado condizente ao âmago,
Cheio de melancolia, quiçá de alguns verbos
Emoldurados pelo amor, encouraçado ao divã dos dias!

Margarida Cimbolini

PALAVRAS FERIDAS

por Margarida Cimbolini

feridas as palavras
erguidas
farrapos de ideias
conversadeiras
ou muros do pensamento
sangram as palavras
quando fechadas

cortam facas afiadas
soltas voam no vento
são amor pão e cimento

as palavras
sílabas de um momento
memórias guardadas
nas gentes
os grandes arquivos do tempo

Siracusa
cidade sem livros
holocausto de palavras
palavras feridas
rumorejam ainda
lamento

insustentável a sua leveza no tempo

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Alfredo Costa Pereira

“NOITES DE ORVALHOS”

Quando a saudade por mim tenta chamar ressolto,
À longa estrada conhecida, de vez em quando volto.
Na tua casa vejo as estrelas nas mesmas posições,
Que iluminaram sempre os nossos dados corações!

E sobre as árvores dispersas, despontava a bela lua,
Que ouviu beijos trocados e viu os nossos segredos!
Nossas almas juraram fidelidade eterna naquela rua,
Ao sentirmos nas bermas o aroma dos altos vinhedos!

Não podia acabar o amor nessas noites de orvalhos,
A ouvir o sussurrar da nascente, sempre sem parar,
Prosseguindo seu curso à luz da lua sob os carvalhos!

E antes de contar o tempo, medindo-o pelo infinito
Lembro o teu olhar terno e melancólico, fixado no ar!
O sol raia a terra e desabrochas no botão mais bonito!

Ró Mar

Não sei se sabes
Mas os malmequeres 
São as flores mais simples,
E, também as mais bonitas.

Quando desfolho as páginas do livro,
Saboreio sempre umas quantas frases,
Talvez imaginação,
Que guardo no coração
Como uma pétala de Bem-querer.

Nada melhor que subtrair as letras
E acrescentar metáforas
À poesia que decifro,
Como se d'uma flor se tratasse,
Não uma flor qualquer,
Um malmequer
Que vejo entre a frase.

Céu Pina

De vidro…

Ferindo a beira mar,
Sangrei…
Corrigi rancor,
Limpei batalhas,
Colidi destino.
Condenei minha chama,
Cinza luminosa,
Cartas gotejam,
Lua descreve,
Ventos cruéis.
Corri sem passos,
Voei no abismo,
Mordi o desejo,
Escondi silêncios.
Embalei recordações,
Sonhos tão intensos,
Cega…disse adeus.
De vidro…
Eram meus olhos…

Telma Estevão

Penso…em ti.

Amanheço impaciente
Com o que agasalho na memoria
E disseco-me vagamente
Com os momentos que eternizo.

Ansiosa, sofro o lusco-fusco
E a eloquência compulsiva do teu abraço
Entre suspiros, caminho sem sentir

Na minha pele o odor da vontade
E os imortais desejos do luar, ancorados
Perseguem-me e corroem-me em fim de tarde.

Penso…em ti

Entre todos o teu nome
O meu olhar procura no infinito

Respiro por ti, neste novo viver
Sonho acordada, para aliviar a minha dor.

A tua voz longínqua e ofegante
Vai eriçando e seduzindo todos os meus sentidos
No silencio que se abraça, floresço

Ofuscada a lua nasce e sela-me o teu rosto
O meu corpo fala-me em sonhos e delírios
Em perfeita afinação, saboreio o teu gosto

Penso…em ti

A tua alma penetrando em mim
E rasgado a minha pele
Com aveludadas prosas

Na distância que nos separa
Sofro este meu-teu querer perene.

Penso-te …neste doce amar
Num ultimo voo…
Sonho-te e acordo
E o meu amor te doo…

Manuela Bulcão

Banho nu...

Deixa-me banhar no teu mar
lavar o meu corpo em ti,
nas cristalinas aguas sonhar
mergulhar em ti sem pressa, de volta
apenas parar, p´rás forças recarregar...

Quero-me em ti nas estrelas
à lua brilhar, em noite de luar
deitar na grama...em ti rebolar
relaxar...até o dia sondar.

Iniciei um caminho sem rumo
vagueando no tempo sem tempo,
vivendo a paixão que invento
demolhada numa tórrida historia
gravada a nu ...
p´ra ficar na memoria.

Gaspar Oliveira


Ró Mar

Que triste sóror,
Um sorriso deslavado
Num rosto pintado,
A implorar uma flor!

Sai, vai à rua,
Desce até à praia,
Banha-te nas águas do Oceano
E, sente a frescura do dia.

Talvez te sintas mais leve
Não de sonhos, mas d’alma,
Aproveita o momento breve
Enquanto o Sol brilha.

Cultiva o teu amor
Nas flores do oceano,
Desencanta essa segreda ilha,
O outro lado do mundo.

Querer-te, como quem quer ser,
Não como quem quer parecer,
Segue a tua raia, talvez Lua,
Serás feliz, nem que seja por um Dia.

Vive de Coração e Alma
No que de mais belo de ti
Pode brotar, vive por ti!

Francisco Valverde Arsénio

UM POUCO DE TUDO…E DE NADA…E DE TUDO

Um pouco do infinito e um pouco de nós, um pouco dos livros que cumprem o tempo e os corpos que nascem sem idade. Um pouco da madrugada que nasce sem vocábulos e uma pedra que se reclama palavra, um pouco de poeira cadente, de sangue, de saliva, de voz alva e uma estrofe escrita em Dó Maior. Uma casa e um barco poema, uma árvore e uma charrua abandonada na praça velha. Um tronco esculpido pelo artista desempregado, uma ponte que liga as vozes secas entre desafectos. Uma flor que brilha em Dezembro e o vento que passa sem luz, um traço imperceptível e uma fotografia, uma tábua que ornamenta a gaiola e uma vela aos pés do santo, uma casa projectada no vale e uma cama de cartão na entrada principal do teatro, uma manhã erguida no mastro de um navio, um caderno cheio de tinta-da-china e a asa de uma cegonha nos arrozais da Comporta. Um pouco de tudo… e de nada…e de tudo.

Carlos Manuel Alves Margarido

Partistes!

Acabou a tua vida em mim 
Os olhos perderam a razão de ver-te 
Decidi, calar-me, 
Acaricia-me um pouco o coração
Sem te ter
Grito transparente de dor,
O beijo perdido no impulso.
Caio sem sítio desencontrado de ti
Sou o inventor da ilusão!
Morto na emoção,
Cansado da dor,
Tudo o que fomos acabou!
Outra lágrima vertida,
Em cada mentira
Invento-te, desconheço quem és...

Gaspar Oliveira

Um dia sei…
Um dia sei que vou conseguir
Nesse dia tudo será perfeito
Mas até esse dia chegar
Todos os dias quero- te amar.

Olhar para ti a sorrir
Ver os teus olhos brilhar
Porque um dia também tu
Junto de mim vais ficar.

Mas até esse dia chegar
Vais escrever poemas de encantar
Numa folha perfumada
Que para mim vais enviar.

Mas quando esse dia chegar
Vamos juntos recordar
Que o passado é o presente

Na certeza do nosso amor.

Maria Teresa Costa

Ao cair da noite…

No final da tarde
Ao se declinar o sol
Meu coração de nostalgia arde…
Nesse cair lento da noite
Suave como um lençol
Descubro…no horizonte rubro
Uma beleza extasiante…
Uma gaivota saltitante
Vai andando junto ao mar…
De repente…levanta voo
Sob o brilho do luar…
As ondas…essas espumam na areia
Nessa bela noite de lua cheia…
E eu…fico ali maravilhada
A contemplar esse cenário…
Vejo uma tela bem pintada
Num quadro imaginário…
E nesse combinar de cores
Fica apenas o preto e o branco
A minha sombra e suas dores
Reflectida na luz da lua…
E na transparência das ondas que vão e vêm
A imagem que eu vejo…é a tua…

Jorge Morais

meditação plena
lugares reconditos
numa contemplação serena
junto do celestial
tudo se questiona
certo ou errado
o bem e o mal
no meio de um silêncio
colossal
lugar de sonho
idilica visão
purifica a alma
limpa o coração
tudo engrandece
por força
da devoção
pede-se pelo mundo
numa simples oração 

Fátima Santos

Desejo

teus olhos nos meus olhos,
por um momento, perdidos na imensidão 
desse encantamento.
de mãos dadas percorremos o labirinto faminto do amor
e sobre nós cai nupcial a neve,
triunfante pétalas de amor.
e a felicidade caístes como um véu sobre nós
nosso caminho enfeitado de flores e jasmins
quanta flor! estamos percorrendo o caminho dos céus
desejos de amor, è o perfume que exala dentro de mim
o meu olhar no teu olhar suave
senti o perfume do gozo enlouquecedor
de seus desejos femininos,
implorando por amor....

Maria da Graça Machado


Céu Pina

Escondida na vida

No ventre da vida,
Vergam ondas.
Felina ferida,
Dócil, mansa
Inofensiva…
Dor maltrata-me,
Solidão rasga-me.
Sou uma ilha,
Escondida…
Pior que o silêncio,
Humilhação…
Pior que a indiferença,
Renúncia onde morri.
Por Amar…
Escravo véu,
Na noite fui lua.
Cama do teu corpo,
Majestade sem direitos.
Fortaleza acorrentada,
Rio salgado a meus pés.
Amei como uma criança,
Quando não podia Amar.
Um dia!...
Alguém chorará por mim.

Celeste Leite

QUERO-TE RESPIRAR

Quero respirar o teu cheiro meu amor,
Aquele que nasce na tempestade do meu coração
Nas ondas do mar em forma surreal, minha paixão.

Só em ti penso, minha felicidade, meu sonho.
Minha eterna confluência de sentimentos guardados
Minha embriaguez translúcida de sonhos não realizados.

Sei que estamos de pensamentos ligados no amor,
Tu és um raio do sol no meu coração aberto
Vivo permanentemente para te ter ao meu lado liberto.

As manhãs irão desabrochar na certeza dos teus olhos
Nas lágrimas felizes do arco íris, nas horas calmas.
E a vida volta a ter cor, na renovação das nossas almas.

Quero acordar com a luz que emana o teu rosto
Na imensidão do tempo a meio do meu silêncio
Quero embelezar a tua vida com carinho, sem qualquer desgosto.

Quero-te na intensidade maravilhosa do teu sorriso
Na permanência absoluta de estar contigo
Dizer adeus à solidão, agarrando os bons momentos que tenho perdido.

Miriam Lorente Rodrigues

Reluzente 

Quando o vento suspirar entre os galhos
E as folhas sussurrarem suas tristezas,
O sol desmaiará em minha janela...
É o crepúsculo nascendo com as incertezas.

Por onde a lua for sorrindo cantando
No escuro bruxuleante das redondezas,
Não temerei o véu da bruma passando
Pois ela fará das estrelas um chão de riquezas.

Assim...passeando na noite já adormecida
Apenas a claridade dançando contente,
Na direção da madrugada enternecida
Com meus sonhos de menina inocente.

Farei versos de rimas tão queridas
Num bailado poético reluzente,
E no rompante de almas seduzidas
Serei a estrofe do amor já existente!

Cristina Pereira

NOS TEUS BRAÇOS

Amor, amor, só nos teus braços,
sinto toda a paz do mundo…
Que me acalma e lança os cansaços
no reino do silêncio mais profundo.

Descanso, então, em ti, esta noite,
por entre as estrelas dos teus olhos…
E peço à lua amiga que nos afoite
num sono leve, sem abrolhos.

E é nesses abraços que me enlaçam
que sinto as dores que me passam…
E não voltarão nunca, jamais.

Meu amor e minha loucura,
minha fantasia mais que pura…
Nos teus braços, os abraços são leais. 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ró Mar

No Tempo há umas quantas dúvidas,
Incertezas que não se esgotam
Nos minutos e se sentem nos segundos.
São longas horas que se desnovelam
Pelo dia e sobram na noite.

Silêncios de bravura,
O soluçar da palavra,
E, a lágrima que verte.

Quanto mistério
Se reserva, segredo do destino...
É sina, a princesa no sombrio fino
Adormece, incógnito Império.

E, tanta certeza
Que o novo dia trará mais horas
Que a desafiam, é a natureza
Que tem vários mundos.

Alfredo Costa Pereira

“GOSTO DE TI”

Se tapares os meus olhos, continuarei a ver-te;
Se tapares os meus ouvidos, continuarei a escutar-te;
Continuarei a falar-te, mesmo com a boca inerte;
E mesmo sem pés, irei atrás de ti por toda a parte!

Com o teu sorriso sedutor no teu suave rosto querida,
Faço da minha vida um sonho, e dele a minha vida!
E sonho ver-te ressurgir quando desponta a lua
Na sombra das suaves lendas antigas da charrua!

Nosso sonho é grande, muito belo e doce até demais,
No nosso encanto nos confiamos e trocamos sinais…
Quantas vezes supliquei baixo, à noite que parasse,

Para ficarmos sempre juntos, amor para poder captar
O voo das tuas palavras ternas que ficaram a morar
No luar que brilha sobre os lagos, a banhar-se!

José Gustavo Gonçalves


Rosangela de Sousa Goldoni

FASE AZUL
O azul que permeia minha vida
assume ares definitivos.
Múltiplas tonalidades
blindam minhas retinas
contra focos de
insanidade,
insensibilidade
e incongruências itinerantes.
Incorporo o azul reconfortante
na sua abrangência de significados,
do marinho ao imaginário.

Um blues necessário
ainda teima em sorrir.

Rosa Maria

Recorda-te de mim...

Quando enfim morrer o que no corpo choro...recorda-te de mim
Esquece os vãos devaneios que mil vezes chorando te segredei
Não lembres os sonhos que sonhei...morreram meu amor sem ti
Agonizaram com os últimos desejos que neste corpo amordacei

Quando do céu azul mais nada existir que um muro de pedra fria
E de mim nada mais que um grito mudo...uma sombra sem vida
Perfuma-me de violetas...veste no meu corpo o véu de nostalgia
Esquece-te do meu nome e deixa-me seguir essa estrela perdida

Quando a escuridão cobrir o meu olhar nublado...acende uma vela
Aos meus desfeitos sonhos de amor que em vida foram sepultados
São as rosas mortas que jazem a meu lado...restos duma quimera
Que prendi nas mãos vazias e guardarei no meu corpo sufocados

Quando de mim não restar mais nada que o silêncio duma prece
E os sinos por mim dobrarem...deixa-me meu amor partir enfim
Para o tempo além do tempo onde o que me vestiu se desvanece
No mármore frio da ilusão...deixa-me voar para longe de mim

Quando do meu rosto anoitecido...docemente rolar uma lágrima
Guarda-a no teu coração...como um derradeiro gemido de amor
Como o último gesto de ternura do meu corpo vestido de mágoa
E eternamente abraçado pela sombra silenciosa da minha dor

Quando as cores do sol poente...do meu rosto frio se apagarem
Recorda-te de mim e deixa-me voar livremente num céu só meu
Quando a noite deixar de amanhecer e os meus olhos chorarem
É porque o meu corpo é eternidade e o meu ventre adormeceu