quarta-feira, 16 de outubro de 2013

São Reis

CONFISSÃO

Vou andar contigo aqui às voltas
vou jogar-te contra as paredes do coração
deambular contigo de um lado ao outro de mim
vou jogar o teu nome contra o vento
para vez se ele me retorna o teu eco

vou perder o caminho das tuas mãos
o traço fino dos teus dedos
esquecer que invades o meu silêncio
e róis com perfume a minha alma

Vou esquecer que me és parte
que me és sangue e carne
parte do que eu respiro e como
colar de carinho com que me adorno
e vou tentar reencontrar o caminho da tua boca
como se nunca te tivesse visto
como se nunca te tivesse encontrado

vou presumir que és um estranho
que agora conheço
um olhar entre tantos outros que comigo se cruzam
um corpo que se move entre a multidão
que se afasta porque a vida assim o quer

e vou deixar-te ir...aos poucos... muito aos poucos
até que a tua imagem se dilua
até que a minha boca não saiba mais à tua
até que a minha pele cheire apenas a mim
e a ninguém mais
até que eu esqueça a curva dos teus olhos
e a forma dos teus dedos

Até que essa saudade que agora teima em doer
seja apenas algo que, cansada, eu consiga adormecer!

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