ENTREGA
Hoje
Vou colher as mais belas
Flores
Vou cantar o mais sonoro
Canto
Vou dançar a mais rodopiante
Ciranda
Vou empacotar
Peles
Olhares
Sorrisos
Amarrar com laços
De quereres consumidos
De solidão enternecida
De união insatisfeita
Vou procurar tua morada
Com meus pés de lanternas
Vou penetrar na noite dos desencontros
Invadir casas e espelhos
Com minha dor mais esquecida
Buscar-te-ei com o fogo
Das lâminas incandescentes
Da paixão mais pungente
Deixarei que o vento
Me assanhe
Me debruce
Me relance...
Enfim,
Todo esse rumor do arrebatamento
Não é voz
Apenas vento
Nas tardes sem manhãs
Em noites sem amanhecimentos
Primaveras que não florescem
Presentes que não se entregam
Sonhos que não se adormecem...
Hoje
Será que terei
Que guardar minhas flores em vasos d'água
Emudecer meu canto em lágrimas leves
Bracejar minha dança em passos solitários?
Ah!
Estilhaços de espelhos embaçados
Meu luzeiro insuficiente
Não te basta!
Nem tu,
Vento fraco incipiente
Me lançaste ao ar!
Resta-me apenas
Minha paixão inolvidável
Que se aninha em labirintos
No regaço retrato do destinatário
Hoje
Ó eterno amado
Entrego-te com vibrante alegria
Flores
Canto
Ciranda
Pela minha palavra em ti
Em versos de súbita poesia...
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