sábado, 12 de outubro de 2013

Margarida Cimbolini

ANDORINHA

morro de amor sem amar
e vivendo me desdigo
é mais rápido voar
assim sozinha comigo

quando atravesso esta selva
no meio das moitas sem ver
olho o medo bem de frente
com medo de me perder

voar é o meu destino
se cair caio no mar
no mar também tenho ninho
uma gaivota voando

mostrou.me bem o caminho
elas não sabem amar
mas faz-lhes falta o carinho
por isso vivem no mar

sem porto e sem abrigo
juraria não viver
mas vivendo eu mendigo
aquilo que tenho de ser

digo adeus ás ventanias
ás espigas ás cearas
torno estas asas esguias
ou deixo-as bem alargadas

recolho-as depois de erguida
e faço delas espadas
abro assim os caminhos
neste voo que não tem estradas

já não sei bem o que sou
este eu também caminha
assim faço-lhe a vontade
pouso aqui no meio do vale
nesta trégua da verdade
talvez não haja quem conte
mas morrerei de ansiedade

será meu ultimo voo
este que faço sozinha
no próximo deixo a mulher
serei já uma andorinha

Nenhum comentário:

Postar um comentário