ANDORINHA
morro de amor sem amar
e vivendo me desdigo
é mais rápido voar
assim sozinha comigo
quando atravesso esta selva
no meio das moitas sem ver
olho o medo bem de frente
com medo de me perder
voar é o meu destino
se cair caio no mar
no mar também tenho ninho
uma gaivota voando
mostrou.me bem o caminho
elas não sabem amar
mas faz-lhes falta o carinho
por isso vivem no mar
sem porto e sem abrigo
juraria não viver
mas vivendo eu mendigo
aquilo que tenho de ser
digo adeus ás ventanias
ás espigas ás cearas
torno estas asas esguias
ou deixo-as bem alargadas
recolho-as depois de erguida
e faço delas espadas
abro assim os caminhos
neste voo que não tem estradas
já não sei bem o que sou
este eu também caminha
assim faço-lhe a vontade
pouso aqui no meio do vale
nesta trégua da verdade
talvez não haja quem conte
mas morrerei de ansiedade
será meu ultimo voo
este que faço sozinha
no próximo deixo a mulher
serei já uma andorinha
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