terça-feira, 8 de outubro de 2013

Joaquim Jorge Oliveira

BAILE DAS MUSAS

Velhos nómadas do universo
Espreitam pelas cortinas velhas
Admiram as musas eternas que dançam
Enfeitadas com finos véus
Feitos de fios de seda de aranha do tempo
Tecidos nos teares doutros céus
Elas dançam, dançam e esquecem o lamento
E eles sonham com beijos de amantes loucos
Sacodem a poeira cósmica ancestral
Ganham vida e ressuscitam aos poucos
Com o mesmo desejo de corpo mortal
Estão eufóricos com as belas valsas
Presos aos lábios macios das damas maduras
Fugiram há muito das coisas fúteis e falsas
Vivem agora no poema novas aventuras
Querem bailar ás portas do mundo!
Com receio de nele de novo entrar
Preferem ficar do lado do mistério profundo
Guardado no enigma divino por decifrar
Amam as musas eternas sedutoras
Que os fazem ser e enlouquecer
Amantes de paixões avassaladoras
De um amor que não quer morrer
Olham!Para o relógio implacável
Que os condena de novo todos a voltar
Para o sitio sagrado indecifrável
Depois deste poema ser lido e acabar
Ainda mais velhos e sábios
Na prisão púrpura da cor
Exuberante dos macios lábios
Das musas belas de feitiço sedutor
Enquanto dura o balie mágico delas
E do frágil beija-flor.

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