Peregrina
A solidão é de todas
A minha mais fiel companhia.
É a sós, comigo,
Que atravesso,
De margem em margem,
O trajeto da minha vida.
Este atípico percurso
Onde as avenidas são becos sem saída.
À deriva,
Como um barco que perdeu a sua vela,
Caminho, caminho, caminho…
E quando, por fim,
Acredito que encontrei o meu Norte,
Ventos do Sul voltam a soprar.
E o meu barco, outra vez,
À deriva no mar!
E lá continuo eu, sozinha,
A remar, a remar…
Não sei que sina é esta a minha,
Tampouco sei para onde este percurso
Me quer levar.
Sei que vou provando a felicidade,
O sabor das lágrimas do cansaço
E da saudade
Porque a dor também se faz sentir.
E neste meu viver,
Tão ambíguo e isolado
Que não se escolhe:
Foi-me doado,
Lá vou eu de atalho em atalho,
Onde as retas são apenas uma miragem,
À procura do que ainda resta de mim.
Recolho todos os fragmentos que vou encontrando,
E tento colar este puzzle,
Sempre incompleto.
Mas ao contrário de tudo o que se poderia prever,
Nos momentos em que me sinto mais desorientada,
Quando me convenço que não sou já
Capaz de mais nada,
Bebo em goles a força do meu viver.
E renasce dentro do meu peito
A missão que me foi destinada.
E lá vou eu, sozinha,
Sem ninguém
E sem mais nada,
Percorrendo, determinada,
Passo a passo,
Os estranhos caminhos da minha jornada.
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