sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Alfredo Costa Pereira

“LUAR DE SETEMBRO” 


Sob o luar quente de Setembro, filtrado pelas pequenas folhas de um sobreiro centenário, famílias errantes de ciganos húngaros, (gente pacata que vivia na miséria), com os seus violinos bem afinados, obrigavam voluntariamente a minha Mãe a parar, a qual que me trazia pela mão (pois eu ainda era muito pequeno), quando 
por lá íamos a passar, para escutar no silêncio da noite aqueles sons divinos!

Fugidos da 2ª grande guerra, os ciganos por ali ficavam uns tempos nos seus acampamentos monumentais!
Nas noites quentes as suas crianças ficavam ao luar a ver suas Mães a dançar, os violinos a tocar, as carroças
ao alto e os cavalos a pastar!

Era um deslumbramento! A minha Mãe aventureira, comigo pela mão, não arredava pé até a sinfonia acabar, sempre com enternecimento!...

E assim gravei na memória de tempos que já lá vão, na muito antiga aldeia de Soutelo, as melhores recordações
da minha infância e juventude, que hoje me servem de referência para compreender o flagelo que se espalha
pelo mundo em que vivemos com a sua inquietude, tendo esperança ainda na sua virtude!

O sobreiro ainda lá está! Se falasse, contaria coisas de encantar, como as esplendorosas serenatas ao luar,
que as suas folhas, tronco e raiz ouviram os ciganos húngaros fugidos, com a sua sensibilidade orquestrar!

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