segunda-feira, 15 de julho de 2013

Jonas R. Sanches

De um Querer Inóspito um Sonho Utópico

Queria uma inspiração amanhecida
que carregasse os versos de letras
douradas e eternas e infinitas,
que fizessem a poesia interminável.

Queria as sobras de um livro novo
que caíram de suas páginas velhas
roídas as traças, rasgadas aos verbos
conjugados em vertigens e flagelos.

Queria um sol que alumiasse o coração
que nesse instante é uma penumbra
nevoenta como um olhar pranteado,
tão choroso pelos dias que falecem.

Mas, são só quereres e insanidades
escorrendo pelos poros de uma alma,
escolhidos a dedos calejados e feridos
pelas canetas e pelas cordas de um violão;

e na seresta cantada à noite solitária
um emblema metafórico de analogias
tão complexas e perplexas que morri,
tão convexas e desconexas que parti.

Queria a luz do entendimento no jantar
a luz de velas vermelhas, azuis e amarelas
ou talvez um fogareiro a iluminar
todas as coisas que não posso contemplar.

Queria a pena mais secreta do poeta
que indiferente versifica a foz da mente,
que inconsciente poetiza o invisível
além do plausível, rimas do indizível.

Queria a faca e o seu sangue no punhal
a repelir todo inóspito e brusco mal
que foge às pressas das palavras dos feitiços
que eu conjuro em dias ritualísticos.

Mas, são sonhos catalépticos utópicos
deixados pelos jardins de heliotrópios,
deixados nas lentes de um microscópio
por onde o olhar não pode vislumbrar

as entrelinhas dessa estrofe cósmica,
as bactérias dessa doença tão fatal;
mas, além dos montes eu guardei um arco-íris
e um alforje repleto de novas rimas.

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