quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cristina Correia

Fecho os olhos…
É lacre que sela
Meus lábios desflorados
Do silêncio dos teus
Minhas pálpebras
São janelas fechadas
Cortinas rasgadas
Intentando não descortinar
Esses teus olhos não meus

Jogo os últimos dados
E tuas mãos já não estão
A última jogada é minha
Lágrimas derramadas na mesa

Fecho os olhos…
Há luto neste silêncio
Já não há jogo
Já não há história
A rainha morreu reclusa
Sede e fome em cativeiro

Fecho os olhos…
Não há passos na areia
Nem idas ao cais
Voa o silêncio
Na pétala seca desvanecida
Na ave sem bico
Na nuvem balofa
No papagaio preso às mãos do menino,
Nas pegadas desfeitas plo mar
Na proa aniquilada de a-braços
No rosto que enterro na areia
Na mão naufraga na espuma
Submergente em ânsia
De suster a última rosa
Estilhaçada no plasma do peito

Fecho os olhos…
Levaste tanto de mim
Granjeio-me …
Talvez me saibas verbalizar
onde achar outros olhos meus
Estes teimam não enxergar!

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