Pintaram-na a carvão!
Desenharam-lhe olhos
moldaram-lhe a boca
deram-lhe expressão
como se a conhecessem
como se sempre a tivessem conhecido
Quiseram ler-lhe a alma
e expor-lhe o coração
quiseram que o olhar fosse a emoção
do papel desenhado no carvão
(ou seria o contrário?)
De quem é ou de onde veio
não importa...
Para sempre será gizada a carvão
com aqueles olhos expressivos
saltando da folha do papel direto para a nossa mão
Nunca ninguém a conheceu de verdade
nunca ninguém quis saber o que pensava
quem amava ou quem a tinha amado
Também não importa!
Para ela a vida nunca será gizada a cores
pelo menos por fora
do lado que deixem que a pintem
a retratem
lhe inventem um sorriso que não sente
ou um olhar que nunca foi o dela
Faltaram-lhe as mãos no traço do artista!...
quem sabe as mãos mostrassem num só gesto
tudo aquilo que ela sente...
mas fica-nos o olhar
o olhar de quem a vê apenas pelo lado de fora!...
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