sexta-feira, 7 de junho de 2013

Maria Fernandes

Sonâmbula…

Atiro a pedra, ela volta em arremesso
Sou eu que quero ou sou eu que peço
Sentida de outros tempos, outras marés
Insensível por pedras e mais pedras aos pés
Por ti e outrem lançadas, já não importa
Tudo o que possa acontecer se sucede
Sem minha interferência, sem minha sentença

Couraçada, curvada, não mexo, sou seixo
Fustigada, sulcada, marcada pela frigidez
Do destino, deambulo, sonâmbula sem freio
Me deixo quieta, na quietude da noite sem eixo
Não dou conta das horas, dos dias, dos anos a eito
Percorro a corrida da vida sem rumo, sem bússola
Astrolábio, balestilha ou quadrante, canoa errante
Navego ao sabor do vento, das marés, da lua minguante
Imóvel, dou voltas e reviravoltas sozinha em meu leito.

E tu que tardas, não vens, não chegas, não vês
As lágrimas a fio, salgadas que dos meus olhos deito…

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