quarta-feira, 19 de junho de 2013

Francisco Valverde Arsénio

No breu da noite ouço o estrondo da luz que irrompe pelo meu corpo acima, como se fosse um relâmpago que canta, como se fosse uma cidade por habitar. Um som fermentado por sombras e que me deixa de olhos abertos e me fala sobre palavras que são bairros que têm o coração batendo contra um céu finito mas impossível. Os meus dedos ostentam um brilho que só tu consegues ver, e são raízes e um labirinto, é assim que os nossos corpos conversam à distância onde me guardas e resguardas da surdina daquela luz. Os corpos têm horas e nuvens de prata e podem queimar as estrelas se os dias escorregarem pela pele como um violino silencioso, para tal, basta que o teu lugar tão meu possa ficar ancorado num poema que descreva as artérias por onde o sangue pulsa. Sabes, guardo todas as madrugadas em que morrias em mim, em que os teus dedos pintavam no meu corpo o teu perfume e eu saboreava morangos nos teus lábios. Agora é noite, e a luz continua a fazer-se soar.

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