“ DIA DE LUÍS DE CAMÕES “
Despois da porcelosa tempestade
De insânias, naufrágios e tormentos,
Outro raiar nos urge de verdade,
Para que se eleve o Pátrio sentimento,
Não permitindo à negra escuridade
Que nos devolva às trevas do monstrengo,
E se o fero Noto nos desgasta,
Haja coragem para dizer Basta !
Bóreas de outros tempos nos insistem,
Vândalos, persistem na destruição,
Com ventos bárbaros coexistem,
Daí lavando, lestos, suas mãos,
Do que semeiam tempestades colhem,
Das vãs promessas de colheita basta,
O que nos resta é uma Pátria gasta.
Temo que o Tejo tenha adormecido,
Meu bom Luís, não por vir manando
Das Serras da Conca, mas p’lo degredo,
Onde o leme entronca no desencanto,
Já não segue o canto do mar profundo,
Nem Tágides, nem naves de espanto,
E o Adamastor, aqui se insinua,
Com passos de pedra, deixa a Pátria nua.
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