quarta-feira, 15 de maio de 2013

Telma Estevão

Inexistência do meu eu

Nada sei…

Nada demora, tudo declina e se desfaz
Serena, espalho-me no nada, distante
Vou a medo, sem rumo definido
Neste deserto completo, a alma enleada e aflita
Persiste no eco fundo e desconhecido.

São lacunas
São faltas
São penúrias…

Distancio-me, ausento-me dos meus passos
Inerte e eriçada, medito e dissipo as certezas
Embalo-me e adormeço, nas dúvidas que me quedam.

Perco-me em trilhos, faço desvios, ando em círculos
Envolvida em mim…agonizo por dentro e nada sei…

Não entendo
Não atinjo
Não alcanço
Não me lembro
Não me culpo…

Sofro o que quero, encosto-me ao silêncio, embevecido
Entrego-me à palidez dos dias e ao sol descontinuado.

Não concedo os murmúrios
E o desassossego da madrugada
Não me ofereço ao choro, nem á dor opaca…

Pesa-me o que sei e o que não distingo.

Afaga-me o vento disperso
A meio …as ondas breves e suaves alcançam-me.

Não sei…
Se me quero encontrar, se me invento
Ou se me perco de vez…

Estou mórbida, combalida…?

Ou simplesmente estou ausente…
Viva…ou lívida?

Nada sei…

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