domingo, 12 de maio de 2013

Telma Estevão

Tentativa de cessar um sonho vago

No ócio de espumas adormecidas e tímidas 
Fico cegada e incerta de tanto ponderar, o insólito.

Os meus olhos lassos e ingénuos
Sangram lágrimas mudas, morrem
E espelham saudades lentas

Tropeço nas ausências, escorrego no limo
Sou degrau raso, sombra
Febre, pausa e nada, neste tempo.

Sou intimidada com silêncios irónicos
Com vozes ignorantes e insinuantes
Com dedos e mãos relâmpago, na madrugada!

Aguento frígida e sequiosa
Beijo e abraço o ar que me envolve e afaga.

Sou, imperfeita e segredo
Moldo-me tua, em suave nostalgia.

Palmilho o ócio perfumado
Do hálito dos meus versos
Troco alianças com as trevas

Teço-me e incendeio-me vagamente

Turvo o corpo, sem rumo
Alcanço a tristeza vasta
E a nudez da alma com ecos surdos e vazios.

Nos meus sonhos, frágeis
Sou vício e gemido…

Pulsa-me o sangue na ligeireza da distância.

Sou essência invisível, sonho, fumo
Sombra perdida, debilitada e arrefecida
Ânsia sem cor, arfando em círculos.

Fantasia, incasável e inquieta
Vagamente amadurecida e imensa.

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