Tentativa de cessar um sonho vago
No ócio de espumas adormecidas e tímidas
Fico cegada e incerta de tanto ponderar, o insólito.
Os meus olhos lassos e ingénuos
Sangram lágrimas mudas, morrem
E espelham saudades lentas
Tropeço nas ausências, escorrego no limo
Sou degrau raso, sombra
Febre, pausa e nada, neste tempo.
Sou intimidada com silêncios irónicos
Com vozes ignorantes e insinuantes
Com dedos e mãos relâmpago, na madrugada!
Aguento frígida e sequiosa
Beijo e abraço o ar que me envolve e afaga.
Sou, imperfeita e segredo
Moldo-me tua, em suave nostalgia.
Palmilho o ócio perfumado
Do hálito dos meus versos
Troco alianças com as trevas
Teço-me e incendeio-me vagamente
Turvo o corpo, sem rumo
Alcanço a tristeza vasta
E a nudez da alma com ecos surdos e vazios.
Nos meus sonhos, frágeis
Sou vício e gemido…
Pulsa-me o sangue na ligeireza da distância.
Sou essência invisível, sonho, fumo
Sombra perdida, debilitada e arrefecida
Ânsia sem cor, arfando em círculos.
Fantasia, incasável e inquieta
Vagamente amadurecida e imensa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário