Sob este céu azul, esta distância
Remexo nos meus sonhos, prolongados
Serenos, de cor rubra... e tão belos.
De pálpebras cansadas e cerradas
Recordo e respiro, de mansinho
Palidamente gemo, ao cair da noite
Ficando embevecida em meus desvelos
Debruço-me no silêncio, imprevisto
Que me invade e entontece.
No fim do dia, sorrio
Divago e disperso-me nas trevas
Quando a noite acontece
Cá dentro habita-me a ânsia
De colher recentes sonhos
E um enlace, ao amanhecer
Sentindo em mim os teus lábios tão risonhos
A mente enleia-se
A dor fere-me e desliza, neste instante
Penetra-me o vazio e um vago sofrer-te
Enquanto a alma voa para bem distante
As mãos ocas, sem abrigo
Sem perfume, suspensas, expiram-me.
Idealizo fragmentos de ti
Vou a medo…envolvo-me
Em ais comprimidos
Estremeço, nesta delícia sem fim
Sob este céu azul, esta distância…
Falsas alegrias
Quase nadas…em harmonia
Até quando…resistir?
Deixas-me ficar um sonho apenas
Um sonho virgem e ateado
Um queixume brando e doce.
Os meus sonhos
Florescem quentes, por engano
São sonhos não sonhados…
Talvez fosse pior se assim não fosse...
São lúcidas ilusões
Espasmos…de um sonho virtual!
E adormecem juntos nossos corações
De um modo especial.
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