sexta-feira, 26 de abril de 2013

Jorge Caraça

Mudanças

Tantos anos, já passados a reler este poema
Hoje parece-me estranho, mas não diferente
São as mesmas letras, o mesmo tema
As mesmas lutas, o mesmo dilema
Parece escrito por outra gente

Mas as palavras não mudam sozinhas
Nem eu as troquei, posso jurar
Todas as letras escritas, são minhas
Tens o mesmo olhar que outrora tinhas
Talvez seja eu, quem está a mudar

A esperança é a mesma, a mesma saudade
A mesma frieza, o mesmo coração, o mesmo calor
Posta na escrita, a mesmíssima verdade
A mesma prisão de sentidos, igual liberdade
Quando leio e releio a palavra amor

Os anos correram vertiginosamente
Como furações de vento e de poeira
Como tu e eu estamos diferentes
Rostos enrugados, mas jovens de mente
Serás sempre única e sempre primeira

Para o ano, vou ler o poema no mesmo dia
E se Deus quiser vou o ler para ti
Da mesma maneira e com igual alegria
Como o queria ler no primeiro dia
Em que a coragem fugiu de mim

É prova provada que o amor não morre
É como a árvore que volta a nascer
Basta que se regue, que o orvalho a molhe
Apenas se esconde apenas se encolhe
E volta com a força de tanto querer

E leio e releio, cada letra cada palavra
O que era fugaz é agora intenso
Fico na dúvida, esta ficou, aquela não estava
Estou em mudança mas agora penso
Continuo a amar-te como te amava.

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