quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Tenho fome

tenho fome 
de existir
na inexistência

quero
retribuir
estar
amar

não quero
temporais
alvas entorpecidas
noites enregeladas

tenho fome
do toque
da fogosidade
do relâmpago efémero

quero
o silêncio
a noite
as horas fugazes

não quero
ódios
contendas
opressões

tenho fome
de verdade
virtude
fidelidade

não quero
ilusões
de corpos em frenesi
de sonhos mortos
de ensejos arcaicos

quero
um mundo novo

onde as mãos
se destapem
os lábios se banhem
os corpos se outorguem

quero
mitigar a dor
banir improbidades

admitir com crença
─ já não tenho fome!…

Ana Claré 




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