Meus encantos e não encantes
O que atrai minha alma à mata?
Ao rio? Às estrelas? Às aldeias?
À gente simples? Ao silêncio?
O que atrai minha alma à mata?
Ao rio? Às estrelas? Às aldeias?
À gente simples? Ao silêncio?
Com certeza não são entes sombrios
Nem brumas na minha mente.
Ah este desejo de tomar açaí numa cuia pintada
De Santarém!
Ah este desejo de ver uma canoa a vela
Saborear as maresias do rio Amazonas!
Ah esta saudade de mergulhar no rio Tapajós
Na enseada da Maria José e de comer um peixe
Assado na brasa na sombra de um cajueiro!
Nem posso lembrar-me do vinho ou do moscatel
Sorvido na coroa-de-areia no meio do rio azul...
Meu pai tocando saxofone no barco que subia
O rio... Rio ao lembrar-me de coisas puras, ingênuas,
Simples, mas prazerosas, típicas da Amazônia.
Quanta intimidade tenho com o pio do gavião,
Com os sons do remo nas águas ou com os sons
Monótonos dos igapós... Vontade de rever
Os cipós retorcidos, os torrões de cupins, os assobios
Indefinidos nas matas que circundam o Tapajós!
Penso que, o que atrai m’alma não é o encante da
Cobra Grande, Mbóia, nem do Mapinguarí, nem
Da Iara, nem do Saci, mas tão-somente
O privilégio de ter nascido e vivido entre
Gente simples e caboclos de beira de rio,
Águas, florestas, tapuias, estórias e mil sonhos
E encantos que tanto vivi!
Paulo Paixão

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