JANELA DO TEMPO
Naquela tarde, um pardal cantou!...
Vieste à janela do tempo,
mostrando teus mantos longos
Naquela tarde, um pardal cantou!...
Vieste à janela do tempo,
mostrando teus mantos longos
bordados de renda e flores
que irias vestir para mim.
Eram de todas as cores,
das mais lindas do meu jardim.
O sol ficou na crista, era verão!...
Vestiste teu manto verde,
abrigaste-me debaixo de ti,
pariste todos os frutos
e deste-me o vinho da vida
que iria beber por ti.
E, naquela tarde de Setembro,
vi-te, à janela, acenando ao tempo.
Querias-te despedir de mim,
num abraço de chuva e vento
de quem tem que partir.
Vestiste teus vestidos de amarelo
e verde - castanhos,
vendo-me triste, só e ali!...
E, numa noite fria,
despiste-te, de casca nua,
e já não me querias
debaixo de ti!....
Pedes que te recorte,
que me aqueça de ti.
Sentes-me consolado
em cima de ti....
E um rouxinol cantou!...
Preparas o quarto,
sentes-te em mim...
A nudez chega ao fim!...
Voltas a ti...dás-te a mim.
Chegas à janela, e eu vi
- a primavera estava ali.
© Acácio Costa.
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