domingo, 19 de agosto de 2012

GRITOS


Oiço gritos na noite alucinada…
Horas mortas, há sossego nos casais,

Só a noite me devolve tristes ais,
Minha alma estremece apavorada.

Ninguém! Não há ninguém! Não vejo nada!
Nem as aves regorjeiam nos beirais.
Ó gritos… augúrios de vendavais,
Que ribombam em mente amargurada.

Ao longe os astros dançam loucamente,
Na terra há ódio e sede de vingança…
Na selva os homens lutam ferozmente.

No gelo morre à fome uma criança.
Eu rumino iras… sinto cá no fundo,
Que carrego aos ombros as dores do mundo.

Lisboa, 18 de Novembro de 1984

Manuel Manços




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