GRITOS
Oiço gritos na noite alucinada…
Horas mortas, há sossego nos casais,
Oiço gritos na noite alucinada…
Horas mortas, há sossego nos casais,
Só a noite me devolve tristes ais,
Minha alma estremece apavorada.
Ninguém! Não há ninguém! Não vejo nada!
Nem as aves regorjeiam nos beirais.
Ó gritos… augúrios de vendavais,
Que ribombam em mente amargurada.
Ao longe os astros dançam loucamente,
Na terra há ódio e sede de vingança…
Na selva os homens lutam ferozmente.
No gelo morre à fome uma criança.
Eu rumino iras… sinto cá no fundo,
Que carrego aos ombros as dores do mundo.
Lisboa, 18 de Novembro de 1984
Manuel Manços

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