raphaelmarins.blogspot.com
Hoje pintei o meu retrato
na tela do momento que fluía.
Olhei-me nas águas e só via
o trivial, o vulgar, o caricato…
Encolhi o olhar, envergonhada,
das águas que me viam no instante.
Como podia eu ali ver nada
se o meu olhar era firme e confiante?
Virei-me dos avessos e sacudi
um interior que pudesse pintar.
Mais segura agora deste estar,
de pincel na mão, dei cor ao que vi:
o sonhar pintei de lua cheia,
com laivos de loucura e ilusão;
o amor, em forma de teia,
onde aconcheguei o coração;
a arrogância, o ódio e a vaidade
atirei para lá do horizonte.
Gastei o pincel, a tinta, a idade.
Não pude, ou não quis, pintar a ponte.
Maria da Fonte

Nenhum comentário:
Postar um comentário