terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O CETIM DOS DESEJOS

Quero dizer-te 
que os lençóis 
que me desfazem a cama 
não podem ser estes, 
têm de ser outros, 
ter outra cor, 
outra luz, 
mais suavidade 
e não aprisionar a verdade. 

Quero que os lençóis 
se confundam contigo, 
se misturem de nós, 
que se diluam em mim. 

Quero que retenham 
estes breves momentos, 
que os dias 
continuem a beber 
por entre o branco do cetim. 
Não quero que as noites 
se encham mais de pó, 
quero sentir que a minha pele 
ainda chama pela tua, 
que as minhas mãos 
têm por entre os dedos 
os teus desejos 
e que podem ainda mergulhar nos teus. 

Quero dizer-te 
que a cama está feita.


Francisco Valverde Arsénio

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