Vim do nada, sem pressa para chegar
serei fruto da miséria que a sociedade tem para dar
sou os sons da noite a repousar na madrugada
escondem os mal-aventurados, sua vida amaldiçoada
sou o silêncio do eco da palavra, democracia
a sombra do medo, do medo que mais temia
sou o álcool que anima esta mísera vida
sobriedade ingerida em qualquer bebida
sou a peneira separadora do bom e mau chão
arado parado na terra por não haver grão
diz-me para onde ir, neste caminho que não conheço
escreve o endereço neste luar em que amanheço
vim do nada, não tenho pressa para chegar
serei em novelo de esperança, o nó a desvelar
sou o olhar de luz na escuridão a percorrer
porque a esperança é a ultima a morrer
sou os sons da cidade, do campo ou do mar
sou a vontade, na vontade de tudo mudar
vim do nada… sem pressa para chegar
e não serei a miséria que a sociedade tem para dar
mesmo sabendo, que sou um grão de areia
neste imenso sistema de chama em caldeira
quero a ilusão, a que tenho direito, por inteira
não vim do nada… mas sinto falta do meu berço
quando à noite, nos sons do meu silêncio me aconchego!
Filomena Martins

O meu bem-haja ao Solar de Poetas
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir"Sou o silencio do eco da palavra"
ResponderExcluirO poder maior, esta na forca deste eco.
Nao ha som mais forte nem poder maior que o da palavra!
Muito bom!
bjs